Liberdade para escolher. E para errar.
Alexandra Leitão. Foto: António Cotrim/Lusa. |
Leio a notícia e os seus ecos durante todo o dia e continuo boquiaberta. Um Estado que destrata os seus cidadãos não é um Estado, é qualquer coisa com laivos sectários, mas não pode ser um Estado de bem.
Diz a ministra Alexandra Leitão, por quem até tinha alguma consideração, que se trata de “uma medida solidária em relação aos trabalhadores da administração pública e às suas famílias, que obedece aos princípios enformadores da ação social complementar”.
Sim, senhora ministra, é solidária com o eleitorado do Partido Socialista. É solidária com escolhas. É solidária com critérios meramente partidários.
Mas, senhora ministra, ainda que a decisão política seja legítima, podia ao menos poupar-nos ao discurso insultuoso.
Num momento dramático que o país atravessa, em que tantas famílias – do privado – nem sequer têm para comer, que dependem da ajuda social, que perderam os seus empregos ou estão prestes a ficar sem trabalho, que estão desesperados para alimentar filhos, o que o Governo deste país acaba de fazer com esta medida ridícula é passar um cheque em branco à tal Constituição da República sobre a qual a senhora e o seu Governo enchem a boca para invocar!
É uma grande medida de esquerda! Mas guarde-a bem para si e para
os sortudos funcionários públicos que serão escolhidos, não duvido, com toda a justiça! Porque o
resto, senhora ministra, o resto é merda! Só que não sei se sabe, mas é essa merda que
empurra a economia e alimenta o seu Governo!
Não estão em causa os filhos dos funcionários, que muitos, decerto, também necessitam. Está em jogo apenas um critério de equidade social. Só que, bem sabemos, a tentação da caça ao voto ideológico ainda tem labirintos antigos e a escola partidária de quadros ainda é, infelizmente, o que era.
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