Pseudo-Marketing digital, o aproveitamento de uma criança e o abuso do Estado

Esta semana o País assistiu a um caso raro: uma criança de 2 anos e meio sobreviveu aquela que pode bem ser a grande aventura da sua (ainda) curta vida.

Esquecendo o circo montado em algumas televisões portuguesas, e todo o excesso de não informação e não-notícias a que todos assistimos, é um facto que ninguém desejava desfecho diferente. E o que aconteceu ontem ao final do dia é, sem dúvida, o final de uma história de esperança e de muita resiliência. 

Contudo, os aproveitamentos que disto por aí se têm feito, são, no mínimo, de mau tom. Muitos haverá que olham para isto com serenidade, mas eu assim não o vejo. As redes sociais tornaram-se, de facto, um antro de 'vale-tudo', em que se vendem almas por 'milhões' de likes. Likes que, na realidade, muitas vezes, não têm expressão além do ato em si. Quem anda nestas lides do marketing digital sabe bem que assim é.

A ação que a Marinha Portuguesa teve nas suas redes sociais podia até ser de génio. Mas, para mim, não é mais do que um aproveitamento social. Sobretudo, quando ainda não sabemos, com exatidão, o que se passou. Essencialmente, porque há uma investigação em curso. Mais grave se torna, vinda de uma entidade pública e de Estado como o são as Forças Armadas Portuguesas. 

Fonte: Facebook Marinha Portuguesa. 
Este é um País de extremos, sempre o foi. Mas que, na corrente 'facebookiana', 'instagramável' e 'twitteira', esquece-se facilmente do outro. Não há ninguém, de boa fé e caráter, que não esteja feliz com o facto de uma criança estar viva, depois de tudo o que passou. Mas não vale tudo. Só que vale. Neste País, vale tudo, há muito tempo!

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