Louriceira: a aldeia de uma infância eterna, a minha!

Este ainda é um País de contrastes. Profundos. Mas avassala-me uma sensação de extremos.

Esta é a minha aldeia. Onde nasci e vivi até aos seis anos de idade. Chama-se Louriceira. Fica no concelho de Mação.

As imagens, do meu mano João Clara, chegam-me por estes dias e noites tórridos de julho de 2021. Em plena pandemia. E num tempo tecnológico, de progresso, onde a máquina comanda a vida do Homem. E ainda bem.


Ao olhar para elas, é como se o tempo não tivesse parado. São exatamente iguais às dos anos 80. E apesar de saber que hoje na minha aldeia se vive melhor que há 40 anos, a verdade é que, no essencial, tudo permanece intacto.

As provações da interioridade são as mesmas, há menos jovens, vão sobrevivendo os que podem, já não há crianças que cheguem para justificar a escola primária em funcionamento. A Internet chega com dificuldades (mas chega!). 

Há quatro anos, um terrível incêndio quase parecia pôr fim à sua existência, esventrando tudo e todos de alto a baixo. As marcas ainda são bem visíveis, como se pode ver, na casa dos meus pais, e que vamos minimizando aos poucos. Foram dos dias mais angustiantes que vivi até hoje. Mas, felizmente, resistimos, à boa maneira de um português que não desiste! 


Mas a verdade é que esse contra-tempo não foi maior que a resiliência daqueles que são os seus guardiões. Alguns nem sequer lá vivem. Mas tudo fizeram (e fazem) para não a deixar morrer.

Cá de longe, da frenética capital, olho para as fotografias que o meu irmão me envia, e encontro nelas um bálsamo de futuro. De esperança. E não é a esperança a nossa maior amiga e o nosso maior legado permanente? Obrigada, queridas raízes! Que nunca cesse a vontade de se manterem intactas!



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