Congresso do PS: quando os media ditam a agenda

Foto: Partido Socialista. 

O encontro da família socialista em Portimão servia apenas para a legitimação interna numa espécie de matar saudades pós - pandemia. No meio de tanta coisa, só os jornalistas criaram a notícia, por eles fabricada, por eles ditada à força.

A sucessão de Costa não era tema, nem por vontade da parca oposição interna do secretário-geral do PS, nem por um partido que não lhe interessa entrar em areias movediças neste momento. O mesmo partido que sabe que tem de apoiar um Governo ainda a braços com uma pandemia. O mesmo partido que reconhece a dura tarefa do último ano e meio de Costa & Companhia. Mas aquilo foi um esgravatar até ao fim.

Discursos para dentro e fora à parte, ancorados na já expectável retoma económica, foi penoso ver como transformaram Marta Temido numa putativa candidata à liderança do PS. Quando lhe perguntaram o que achava de uma mulher à frente do partido, respondeu: "Sim, é possível". E eis como uma resposta retirada do contexto dá azo a notícias e títulos como "Marta Temido não descarta hipótese da liderança". Assim se deturpa a intencionalidade das perguntas e respostas. Assim se distorcem contextos e frases. Marta Temido tornou-se agora militante!!! Pese embora o papel decisivo que teve neste Governo e nesta crise sanitária, criar um facto assim, sem qualquer sustentação política, prova o pântano em que lavra a imprensa portuguesa. E também por isto se percebe porquê chegamos aqui na crise do jornalismo de que tanto se fala há anos. 

Neste congresso, foi a comunicação social que ditou a agenda. A ferros. Chegou a ser doloroso ver, dois dias de enfiada, não-notícias, um trabalho muito fraco da minha classe. Mas se calhar é de mim. Deve ser.

Até 2023, Costa levará o barco, do Largo do Rato e do País. Veremos como lhe correm as autárquicas, mas ainda que seja uma hecatombe, o rumo dificilmente será interrompido. O tempo o dirá. 

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