Nuno Melo: o eterno desejado é finalmente candidato
Nuno Melo oficializa a candidatura à liderança do CDS no próximo sábado, no Palácio da Bolsa, no Porto. Estou à vontade para fazer este post por várias razões. Primeiro, porque sou uma cidadã. Com opinião própria. Segundo, porque conheço Nuno Melo há 20 anos, desde o dia em que pisei uma redação e me fiz gente no jornalismo, era ele deputado à Assembleia da República. Tive a sorte de trilhar o caminho durante quase oito anos a fazer política. Parlamento, partidos, Governo, campanhas eleitorais, congressos partidários, conselhos nacionais. Eu sei lá! Em terceiro lugar, porque não devo favores a ninguém, nem pessoais nem profissionais. Mas talvez por isso seja uma 'leoa solitária' porque não faço fretes a ninguém. Digo o que penso. Mais na condição de portuguesa do que jornalista, condição para mim sagrada.
Por tudo isto, quero partilhar este momento que pode e deve ser decisivo na vida do CDS. Um partido que ganhou responsabilidades e lugar respeitado na vida política portuguesa. Finalmente, Nuno Melo decide avançar para a liderança. Foram anos e anos em que eu, e carradas de colegas meus, lhe repetimos a mesma pergunta em cada entrevista. Foi sempre, desde o tempo de Paulo Portas, um candidato anunciado sem nunca o ser. Era a escolha sempre mais que óbvia para suceder a Portas. Não aconteceu. Por diversas razões, uma das principais, a sua vontade.
Mas agora, as circunstâncias são outras, e infelizmente o partido permitiu-se chegar a um estado inimaginável. Num espaço de direita cada vez mais ocupado por extremismos preocupantes. Junte-se a isso a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, muito aquém do que o CDS precisava. Agora, Nuno Melo terá um desafio ainda mais exigente: recuperar um partido em cacos, que perdeu eleitorado para a direita e para a esquerda. Que deixou de olhar para os centristas como uma opção de escolha. E que corre sérios riscos de desaparecer. Veremos se ainda vai a tempo. Eu espero que sim. Porque a democracia e o País precisam de alternativas. De partidos que conquistaram capital e respeito. Nuno Melo, ao contrário do que muitos pensam, tem (sempre teve) as qualidades necessárias para demonstrar a importância do partido que Diogo Freitas do Amaral fundou, que Lucas Pires sonhou, que Adriano Moreira consolidou e que Portas moldou. Toda a sorte do mundo! Enquanto jornalista conheci-lhe (e conheço) muitas características que fazem a diferença na política. Desde o Parlamento, ao partido, à experiência europeia que lhe deu mais mundo e à advocacia, profissão de sempre. Mas os políticos, tal como toda e qualquer pessoa, são muito mais do que aquilo que a opinião pública vê e conhece! Mais do que divisões internas (naturais) e pólos partidários opostos, se o CDS recuperar o terreno perdido, valerá sempre a pena cada luta! A democracia ficará agradecida.
📷 Tiago Silva. Entrevista que fiz a Nuno Melo, enquanto eurodeputado, Castelo de São Jorge, Lisboa, 2011.
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