Gouveia e Melo sobe a Almirante e a Chefe do Estado-Maior da Armada numa fotografia borrada

Gouveia e Melo foi empossado hoje como CEMA. Foto: António Cotrim/Lusa

Henrique Gouveia e Melo sucedeu hoje a Mendes Calado à frente do Estado-Maior da Armada (CEMA). Com tal nomeação, sobe também de posto, chega agora a Almirante. Até aqui a história podia ser banal, normal, natural até. Mas de natural não tem nada e este episódio mancha, e muito, a seriedade e popularidade que Gouveia e Melo teve no último ano em Portugal enquanto rosto máximo de um processo de vacinação bem sucedido. 

A história é conhecida do público e gasta parangonas já desde setembro passado, à época, contida, por ser simplesmente ridícula.

António Mendes Calado, CEMA desde 2018, não esteve presente nesta cerimónia (e bem) e manda dizer que não sai por vontade própria. O antigo CEMA tinha sido reconduzido para mais dois anos em fevereiro deste ano e o seu mandato terminaria em 2023.

A pergunta que se impõe é só uma (ou muitas, no caso): o que levou Gouveia e Melo a assumir um cargo sabendo, de antemão que o seu antecessor tinha plena legitimidade de continuar no cargo? O que levou o agora Almirante a proceder contrariamente a todos os seus preceitos éticos e de seriedade que sempre demonstrou ao público e à sociedade portuguesa? O que leva um Presidente a assinar e subscrever uma manobra que é toda ela política e nada, mas mesmo nada, natural e respeitadora do cumprimento dos cargos? Se a ideia é premiar Gouveia e Melo pelos serviços com honra prestados à Nação, porque não esperar pelo tempo certo? Não há tempo certo, no caso, porque todos os protagonistas desta triste história - à exceção de Mendes Calado - tinham sede de ela se consumar. 


Foto: António Cotrim/Lusa

Gouveia e Melo mancha-se a si próprio sem necessidade. O povo não é estúpido, meu caro, eu pelo menos não me tenho nessa conta, e acredite, que não me esquecerei. Tal como jamais esquecerei o serviço irrepreensível que prestou ao País numa das suas maiores crises sociais de que há memória. 

No final da cena, o pano baixa, mas a honra, essa, fica deveras comprometida. A sede de poder, que tantas e tantas vezes recusou caro Almirante, foi pelo cano abaixo. E, de que maneira!

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