Um ano sem Facebook: o melhor de mim

Foi há um ano. Há 365 dias que abandonei a minha atividade pessoal no Facebook. Passado este tempo, e tantas horas ganhas, não tenho dúvidas de que foi a melhor decisão nestas andanças das redes. 

Fi-lo porque estava cansada. Cansada de uma rede que não me acrescentava. Foram anos e anos a partilhar, a minha vida profissional, momentos da minha vida pessoal, estados de espírito, opiniões sinceras. Tanto para mim e tão pouco para outros provavelmente. 

Neste ano difícil de 2021 - para mim e para todos vós, não duvido - ganhei. Ganhei muito. Fiz a conta - porque a apontei, não fosse a memória atraiçoar-me: li 73 livros, vi 50 filmes e li centenas de jornais - de fio a pavio - desde edições impressas a digitais. Usufruí mais de mim e dos outros, na medida daquilo que a pandemia deixou. Passei a dizer mais vezes, pessoalmente, que amo os meus. Reabri caixas de bens pessoais, folheei memórias, escritas a lápis e caneta, li as anotações que há anos apontei, encontrei cassetes, cd's, dvd's, revivi nos papéis que guardo cá em casa a vida por onde passei e as vidas que encontrei. Isso tudo é palpável, isso tudo é real. Em cada sorriso de reencontro, ganhava ainda mais a certeza que abandonar as redes pessoalmente continuava a fazer sentido. 

Numa Era em que a tecnologia domina os nossos tempos, as nossas vidas, comanda-as até,  ganhei tempo (o mesmo que tanto nos queixamos de não ter) para mim, para me saborear, para me reviver e para viver. 

Não renego os anos em que dediquei a minha sinceridade às redes, mas o que recebia de volta não me faz falta. Faz-me falta, isso sim, são os meus, de carne e osso, a darem-me a mão. E desses eu jamais abdicarei.

Foi precisamente a intolerância, a dificuldade de o outro me aceitar - a mim e às minhas ideias, ao que sou - que me cansou. Ensinaram-me a respeitar todos e cada um. A ser honesta. Educada. Uma pessoa do bem. Mas esperamos que do outro lado façam o mesmo. Iludi-me com isso. Nas redes, tirando os nossos, crescem infinitos mundos de egos, do "eu sou mais que o outro", da ofensa e da incompreensão atroz. Uma incompreensão do ser humano que é, talvez, um dos maiores males da ética e humanização atual. 


Escolhi uma das muitas fotos de 2021 que guardo em mim, porque ela representa o melhor de mim. Fora da rede. 

Não condeno nem discordo dos que irão contrariar o que neste post de fim de ano hoje escrevo. Mas a minha visão sobre a crueldade e podridão em que se tornou o Facebook - e outras redes - é esta. E assumo-a sem medos. Aos que estão e ficam, se estão bem, excelente. Mas nós, os que saíram, somos iguais. 

Por isso, neste fim de 2021, quero apenas partilhar-me, dizer que a vida segue, onde quer que estejemos. Virtual ou realidade, onde for, que os pés estejam seguros, que as convicções nunca cessem e que as defendamos com todo o sentido da nossa identidade. Cada um de nós conta. Em qualquer lugar no Planeta. Feliz 2022! Sejam felizes e partilhem-se! Porque quem me conhece já sabe de cor: quem partilha, é feliz!

Tal como há um ano, continuo ativa no Platonismo e uso apenas o Linkedin, o último reduto das redes que continuo a achar me acrescenta. 

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