João Pedro Simões Dias: até já, professor!



Estávamos em 2013. Foi a última vez que estivemos juntos pessoalmente. Na apresentação do livro da Ruthia, colega de Faculdade e uma amiga de sempre. João Pedro Simões Dias foi um dos 4 nesta mesa. Só podia ser um dos que a Ruthia queria ter ali, naquele momento. E nós, seus antigos alunos, sabemos exatamente porquê. O professor João Pedro não tinha sido apenas um professor. Tinha sido muito mais do que isso. Alguém que nos marca e molda quem seremos no futuro. Tudo quanto sei hoje sobre a União Europeia e este longo caminho comunitário a ele o devo. Partilhei com ele a eterna paixão pela política, à época, lá de baixo da inocência natural dos bancos da faculdade, com muitos conselhos. Mais tarde, já na fúria das redações, era a ele que recorria sempre que tremia com dúvidas. Militante do CDS, soube-o, já era jornalista, e aí entendi melhor de onde lhe vinha a rectidão, os ensinamentos e os conselhos que me havia dado. Não sei como são hoje as relações criadas entre professores e alunos numa faculdade. Sei apenas que tive a sorte de ter tido os melhores homens e mulheres à minha volta. João Pedro Simões Dias marcou muitas vidas. Todas elas de maneira diferente. Mas não tenho dúvidas de que fez a diferença nesta miragem que somos. Neste tempo efémero onde flutuamos. Estava doente há muito tempo. Dizia-me no Natal passado que tinha esperança quando me contou da doença. Esse sofrimento chegou hoje ao fim. Onde quer que esteja professor, sei que continuará a lutar pelas causas em que acredita. E continuará a soprar ventos de alegria para aqui. Nunca estamos preparados para a morte, mesmo quando ela decide avisar-nos. Eu própria tive longos processos para me resolver com ela. E apesar de tudo isso, há um vazio que nos esventra sempre que ela acena. Mas para si é, como me disse, um "Até já". Doloroso de dizer, mas digo-lhe. Porque tudo isto é rápido. Tudo isto não passa de uma efémera viagem ante o tempo. 🤍

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