Muse: uma forma de vida que se fez épica na Lisboa de 2022

Chuva e fogo. Com música revolucionária à mistura. Nem Eça de Queirós poderia negar (se lá estivesse) que se resume a uma palavra: épico. Dois anos depois de uma pandemia ter virado o mundo de pernas para o ar, há momentos que não podem acontecer por acaso. Há escolhas que temos obrigatoriamente fazer. O que aconteceu este sábado estava

escrito na carta de amor que os Muse trouxeram a Portugal nesta noite de junho intensa e encharcada.
 

Cabeças-de-cartaz num Rock in Rio sedento de saudade, os três magníficos - Matt Belammy, Cristopher Wolstenholme e Dominic Howard - provaram que também eles estavam ávidos do regresso, dos acordes de guitarras que nem chuva nem vento calam, com cada canção a gritar mundo e resistência, com promessas de joelhos de Bellamy sob uma água incessante que os céus sopravam, e uma guitarra atirada ao ar e desfeita em seguida como que a pedir regeneração da Humanidade. 


Das máscaras de ‘Chant’ ao ' Knigts of Cydonia', foi uma noite em que desfilaram os hinos que tornaram os Muse numa banda de culto sem precedentes (para mim), e onde ficamos também a conhecer um pouco já do novo álbum que chega a 26 de agosto: ‘Will of the People’. Já o sabíamos, pelo pouco que nos desvendaram nas últimas semanas, que será mais uma guerrilha, um cântico às causas que a música embalará. 

Novo álbum chega em agosto deste ano e promete continuar a dar esperança à Humanidade.

E não há como falhar quando se dá tudo. Não há como cair quando realmente nos desnudamos. E foi isso que os Muse fizeram ontem à noite ante 70 mil que corresponderam na emoção de construir um mundo melhor, de saborear bem a saudade e a liberdade, e da qual nos privaram recentemente. 

Portugal há muito que é uma segunda casa para o trio britânico, com um público que lhes reconhece a qualidade desde os primórdios. O seu público. E não podia ter havido regresso maior que este, épico, recheado de chuva premonitória do princípio ao fim, numa ode de fidelidade que não arredou pé um único segundo, que disse ‘sim’ e o reforçou e gritou em cada êxito ecoado no Parque da Bela Vista. 

As guitarras afinadas ao detalhe, os agudos de Matt e os sonhos que continuam a pedir-nos, refletem o momento único que aconteceu na noite passada em Lisboa. E a velha máxima de que nunca nos esquecemos: desistir nunca! 

Continuaremos a ser Muse, a resistir, a lutar por causas em que acreditamos. A rejeitar o ódio e a enfrentar os que ousam distorcer a verdade. Ser Muse não é apenas uma caraterística, ser Muse é uma forma de vida. E das melhores que podemos escolher. Resistiremos!

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