Pinto Monteiro: partiu um homem bom
Antigo procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, morreu esta quarta-feira, aos 80 anos. É impossível não falar de um homem que marcou a Justiça e a sociedade portuguesa. Assim o vejo. Tive a sorte de o ter conhecido no tempo em que liderava a PGR. Tenho dele as melhores impressões. Um homem sério, íntegro, demasiadamente maior que o sistema. Era uma fonte em quem se podia confiar, alguém que dizia Não mais vezes do que Sim. Alguém que sabia até onde iam os limites da relação com os jornalistas. Que tinha no respeito pelo segredo de justiça a sua maior bandeira. Pessoalmente, sempre um homem sereno, intrinsecamente bom. Beirão, como eu, fazia questão de brincar com a pronúncia vincada que o caraterizava. Recordo, com saudade, um almoço prolongado que tivemos, eu e o meu chefe de redação, João Naia, na sala privada do Galeto, em Lisboa, antes de uma entrevista que lhe fizemos para o jornal O Diabo. Já lá vão mais de 10 anos. De uma imensa aprendizagem. Ficávamos horas a ouvi-lo. A beber de alguém que tinha na humildade a sua maior arma. Uma perda. Para a Justiça, para Portugal. Hoje, também parte alguém que me construiu enquanto mulher e jornalista. Partilhar o melhor que passa por nós profissionalmente é ter a certeza dos valores certos a cumprir a cada dia. Não duvido nunca disso. Que a viagem seja leve, Dr. Pinto Monteiro! 🤍
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