Gorbachev (1931-2022): o fim de uma Era morre também hoje



No dia da morte de um líder histórico, com ele apaga-se igualmente um bocadinho de um capítulo do século XX: a União Soviética. Não deixa de ser irónico que parta num momento em que a Rússia mata na Ucrânia. Dele, muito me apetece dizer. Não o farei agora. Mas as políticas que implementou - a Glasnost e a Perestroika - marcaram decisivamente um caminho na Europa como nunca até aquela época e num tempo em que a ameaça não passava de uma Guerra Fria. Ele abriu uma ideia ao mundo. Sem medos. E isso é um facto. Ocorre-me neste momento o papel que teve na libertação, e recordo este texto que escrevi sobre a queda do Muro, sobre os Scorpions e sobre a ex-Uniao Soviética. Klaus Meine, vocalista dos Scorpions (banda que influenciou e ajudou a abrir caminho para o 9 de novembro de 1989), descreveu bem um desses momentos: "Sem ele, a reunificação e, especialmente, o 9 de novembro não teriam ocorrido tão pacificamente. Não teria sido essa revolução pacífica que foi, sem que nenhum tiro tivesse sido disparado, sem que ninguém tivesse sido assassinado. Se os tanques não saíram no dia 9 de novembro é por causa de Gorbachev, é a ele que temos que agradecer". A sua morte encerra. Mas também abre portas ao pensamento. À memória futura. Para que saibamos explicar aos mais novos o seu papel, independentemente do que sentimos sobre a controvérsia realidade de um país hoje chamado Federação Russa. Todos os dias são Wind of Change, mas hoje essa carga simbólica assume outro poder. Também neste momento penso em Carlos Santos Pereira. E em como ele hoje teria tanto para nos ensinar. 🇷🇺

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