Marta Temido: o insustentável peso da morte



Marta Temido tem sido hoje, no dia em que pediu a demissão, um dos alvos mais negros deste Governo.

Parece até que tudo canalizou o seu descontentamento para cima da ministra demissionária.

Temido tem muita responsabilidade política naquilo que tem sido o SNS desde a pandemia. O Governo centralizou tudo na Covid, descurando áreas vitais, que não podiam ter sido esquecidas. Hoje, temos um SNS moribundo em muitas especialidades, mais frágil no apoio aos cuidados primários e urgentes. Refém de muita dificuldade que já existia antes da crise sanitária e agravado, nos últimos dois anos, pelo seu abandono total.

Mas, pese embora, muita decisão errada da ministra, que confrontou, sem explicação, e em muitos momentos, os profissionais, a verdade é que, na minha opinião, Marta Temido teve às costas um grave problema que era de todos nós. E, mal ou bem, assumiu-o. Isso não pode ser esquecido.

O seu principal problema foi ter governado sozinha, sem lei nem unanimidade, e isso valeu-lhe um coro de críticas, não só na classe mas no seio do próprio Governo. Era já insustentável e irrespirável o sentimento que se vivia no Ministério da Saúde. Quando chegamos ao limite, com mortes à cabeça, o fim está escrito. 

Agora, é preciso alguém com mão de ferro, firmeza e coragem para estancar a ferida aberta num SNS que há muito sobrevive em remendos. O que não é aceitável é que morram pessoas por má gestão política e técnica. Isso, para mim, é imperdoável. 

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