Judite, obrigada!

Não conheço Judite Sousa. Nunca nos cruzamos. Nem pessoal nem profissionalmente. Estou, por isso, à vontade para escrever o que me vai na alma. Sobretudo, porque, em primeiro lugar, nunca abordei a sua vida pessoal, nem o farei, nem com ela nem com ninguém, seja colega, figura pública, quem seja. Em segundo lugar, porque profissionalmente sempre a tive com uma das grandes referências da minha vida. Ainda eu não sabia sequer que viria a ser jornalista e era ela uma das grandes marcas que eu associava à profissão.

Estou à vontade para falar disto porque, repito, não nos conhecemos. Somos de gerações distintas. Mas com um elo que nos une sem nunca termos trocado uma palavra: o Jornalismo e o amor a uma profissão que é uma missão. De vida! Mas hoje, quando cheguei a casa, fiz questão de ver a entrevista que deu esta tarde à Julia Pinheiro.

Não comprei o livro, mas vou fazê-lo. Não porque tenha curiosidade na sua dor, mas porque a Judite merece ser lida, ouvida, escutada. A provação que terá para a vida inteira é impossível de compreender. Só ela, e todos os pais e mães que a carregam, o saberão. E a partilha que hoje fez, seguramente, que é mais um limpar de garganta seca. Que precisa. Que lhe faz bem. Que merece. Para lá disso, sigo-a há muitos anos nas redes. Sobretudo, porque nos aproxima a profissão que escolhemos. E também porque a tenho como alguém que foi, é e será sempre uma referência. Uma jornalista de corpo inteiro. De uma inteligência e talento inatos. Ouvir de viva voz a ingratidão que a classe lhe deu, dói, mas não me espanta. Conheço bem as pedras no caminho daqueles que não vergam, que são retos no jornalismo, que contra tudo e todos, não abdicam da sua ética, da sua convicção, da confiança que têm na sua competência.

Por tudo isto, Judite, um abraço do tamanho do mundo. E obrigada por tanto que deu ao jornalismo português e por todos quantos, como eu, inspirou a chegar cá. A este caminho de selva, como lhe chamou, mas que vale(u) todas as agruras agregadas. Acho que ainda tem muito e tanto para nos dar. Ao jornalismo. Às pessoas. Ao país. A si própria. E acredito que, de um modo ou de outro, continua a dar. De jornalista para jornalista (porque nunca deixamos de ser quem somos), um fraterno obrigada! Ana Clara

Foto: Facebook Judite Sousa

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