O Luís

Foto: Facebook Luís Osório 

O Luís. Apetece-me hoje falar do Luís. Quero falar dele mas, ao mesmo tempo, sinto-me impotente. Impotente na maior ferramenta que tenho e que domino: as palavras. Porque por mais que sejam a minha vida, nunca as encontramos para descrever o amor que sentimos por quem amamos uma vida inteira. O Luís é um desses raros casos na minha vida. De amor eterno. Para uma vida inteira. Que já o era antes sequer de nos conhecermos.

Este não é um texto gratuito, para likes, ou para parecer bonito, muito menos de bajulação de um homem que muitos amam e, certamente, outros tantos detestam. Ele sabe que não é. Como este texto de amor, de gratidão, de amizade, é para ele, sei que ele sabe que nada disto é gratuito. É, sinceramente, das profundezas das minhas entranhas.

Conheci o Luís em 2003. Era diretor de A Capital. Tinha no corpo e na alma uma energia esgotante e única. Eu chegava à redação como uma mera estagiária. Mais uma entre tantos à procura de uma oportunidade no jornalismo. Resumidamente, após o estágio, fiquei no jornal. Acharam que tinha valor. E tinha, modéstia à parte. O Luís foi um dos que acreditou em mim. Obviamente que tinha referências dos meus editores, mas também sabia quem eu era. Por pouco que me conhecesse. Enquanto estagiária, não importa para o caso as razões, fui sempre uma miúda chata, com pêlo na venta, que lhe entrava gabinete dentro, reivindicando tudo e um par de botas. Ainda hoje acho que foi nesses confrontos profissionais que nasceu o amor que nos une. Por mais anos que passem. Por mais que a distância nos separe. O que nos fez criar uma relação de amizade foi exatamente aquele ponto em que mostramos quem somos, sem medo das consequências. Era uma miúda, exagerada, com todos os sonhos na bagagem, sem medo de nada, sem medir palavras, e sem experiência. O que me tornava, à época, mais louca ainda. Empurrada pelo sonho. Sei hoje que foi, em parte, esse lado, que nos uniu. O Luís, que vivia o jornalismo naquele tempo também como uma missão, era em parte como eu: ousado, direto, duro, escorreito, mas também doce, sensível e capaz de reconhecer talento, mesmo que não gostasse da pessoa que o encarnava.

Foto: Facebook Luís Osório 

Além disso, e de tantas coisas mais, tínhamos em comum o gosto pela política, pela cultura (onde comecei em A Capital), pela imprensa e pelo jornalismo, pela humilde arte do conhecimento. A isso, juntou-se o derradeiro elo: um homem chamado Carlos Pinto Coelho. O responsável por eu ter ido estagiar naquele histórico jornal lisboeta e que nunca hei-de poder agradecer o gesto. Um outro amor da minha vida e que foi responsável por ter escolhido a profissão que tenho. Adiante.

O Luís. Todos vós o conhecem do espaço público. Não preciso falar dele, na sua essência. Hoje quero apenas dizer que o amo. Como ser humano, como amigo, como jornalista (que nunca deixará de ser para mim). Como Homem da minha geração. É meu amigo. Mas é, acima de tudo, uma referência de vida. Um exemplo de integridade. Uma inteligência como não conheço igual. Um homem bom. Humanista. E podia continuar aqui eternamente.

A ti, meu querido Luís, quero dizer-te o que já sabes: que te admiro, que te adoro, que continuas a ser referencial, profissional e, acima de tudo, pessoal. Não sou a amiga mais presente, nem sequer quero ser aquilo que não sou nem posso ser por vicissitudes incontroláveis da vida. Mas sei que o que temos é eterno. Sei que ter-te é essencial nesta linha de futuro que é presente. E por isso, este texto, serve apenas para ter agradecer. Agradecer por me teres permitido a amizade. O amor. O carinho. A proteção, sim, essa, que sempre senti indiretamente que tinhas e tens por mim. Havia muito mais por dizer. Mas não saía daqui. Obrigada por seres quem és. E peço-te, nunca me faltes, nunca deixes de escrever, falar bem aalto, gritar ao mundo o que te atormenta. Eu prometo que continuarei a beber do teu sangue sempre vivo que corre em mim desde os tempos daquela redação na Basílio Telles. Um beijo no sítio do costume: o teu coração. 

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