25 de Novembro: apagar a memória é atraiçoar a História

No dia 25 de Novembro de 1975, no final do PREC que se seguiu ao 25 de Abril, Portugal esteve à beira de uma guerra civil. 



Depois de um período de disputa pelo poder político-militar, que abrange todo o Verão de 1975 (também conhecido como Verão Quente), dois grupos enfrentaram-se em Lisboa: PS, PSD e CDS na esfera partidária, e os moderados do MFA, liderados pelo Grupo dos Nove, que lutavam por uma democracia tipicamente europeia, e as forças pró-comunistas (PCP, extrema-esquerda e a Esquerda Militar), que procuravam impor ao País um regime autoritário próximo do dos países comunistas.

No fundo, uma luta clara entre a instauração de um modelo de democracia ocidental e o modelo totalitário soviético, num dos períodos mais ricos a agitados da história política portuguesa. 

Os vencedores viriam a ser os moderados e o caminho para a democracia foi reaberto, permitindo uma crescente estabilidade assente no reforço do pluripartidarismo e da Assembleia Constituinte, que se tornou visível com a redação da Primeira Constituição democrática - a Constituição da República de 1976.

Serve a introdução desta crónica para lembrar que não há País sem história, nem história sem País. O 25 de Novembro nunca foi nem será consensual em Portugal pela carga ideológica que representa. Mas isso não se pode confundir com esquecimento nem sequer com branqueamento.

Acima das lutas entre esquerda e direita, que olham para os acontecimentos à luz da sua lente fechada, não pode haver apagões.

É por isso que a posição recente do Presidente da Assembleia da República, que inflamou as hostes, não pode ser levada a sério, sobretudo vinda de um dos principais órgãos de soberania deste País.

Façam o que fizerem, tal como o 25 de Abril será sempre um momento de viragem de Portugal e nunca poderá ser esquecido, também o mal-amado 25 de Novembro não poderá nunca ser ignorado. Doa a quem doer, quem tem memória histórica fará com que nunca aconteça!

Crónica/Podcast de 9 de outubro, na Antena Livre. OUVIR

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