A caminho das legislativas: podemos acabar com (alguns) comentadores?



Se há coisa que nestas legislativas me tem cansado muito são os comentadores. É confrangedor ver o espectáculo a que tenho assistido em que, sobretudo, no caso, se comenta tudo e um par de botas.

Não está em causa a liberdade de expressão mas sim a forma descabida com que se argumenta, o poder triste de sermos parciais na análise, a forma como todos nós olhamos para uma mesma realidade de maneiras diferentes.

Ontem fiquei em choque com muita coisa que ouvi. Respeito. Mas deixa-me de cabelos em pé. O debate de todos os debates, que não foi, enlouqueceu televisões, jornalistas e comentadores no antes e no pós. Em alguns casos, foi confrangedor. O papel da televisão devia ser o do esclarecimento. O do serviço público de jornalismo. Mas tem sido um verdadeiro festival de tudo quanto não se deve fazer e que devia ser enviado às escolas de jornalismo, para os aspirantes a jornalistas que ainda têm a coragem de ingressar na profissão.

Adiante. A manifestação de polícias à porta do Parque Mayer foi algo que indignou muita gente. Fico incrédula com tanta gente puritana que viu num protesto ordeiro, junto a um palco de poder futuro, ficar indignada com tamanha façanha. Pois eu fiquei feliz por eles. Por terem sabido usar um momento essencial para se fazerem ouvir uma vez mais. De forma civilizada, sem abusos de ordem pública, apenas e só, em gritos de desespero ante o futuro primeiro-ministro de Portugal. Além disso, foi grave um candidato à primeiro-ministro dizer que não negoceia sob coação. Onde está a coação? Alguém me explica? Foi uma bela frase directa ao coração de uma classe profissional que tem sido exímia nos protestos, na minha opinião. 

O debate. Bem, ou eu sou muito cega e burra, ou o debate que vi foi outro, que a maioria não viu. Certamente é limitação minha. Não gostei. Achei ambos fracos, como já o acho há muito tempo. Não lhes revejo nenhuma qualidade de estadista, de confiança, de preparação. Não é culpa de Pedro Nuno Santos nem de Luís Montenegro, apenas e só, culpa minha. Não me adaptei ainda a estas novas gerações políticas. Mas também sei que tenho o direito de dizer o que penso. E não consigo vislumbrar nem num nem noutro qualidades de primeiro-ministro. Porém, sei que será o tempo e o caminho que lhes darão experiência e firmeza políticas.

Veremos se serão capazes. Serão certamente mais sensatos que a loucura destes comentadores de tudo e nada que temos servidos na bandeja da espuma dos dias. 

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