Montenegro: à tona e a respirar



Num congresso de legítimacão, Luís Montenegro optou por fazer aquilo que qualquer líder não faria, muito menos no PSD: ignorar mais vida partidária além das forças que o suportam o Governo. E isso, só por si, já é um grande sapo duro de engolir. Para aqueles que subestimaram o atual primeiro-ministro, aí está a resposta. Negociou um Orçamento, numa condição frágil no Parlamento, conseguiu manter o "não é não", sem a mão do Chega, e continua, como se nada fosse, a anunciar medidas como se tivesse um tapete firme. Quem olhar para o passado de Montenegro, percebe bem como o está a conseguir: a sua experiência parlamentar, taticismo partidário eficaz e o seu (pelos vistos) comprovado jeito hábil para negociar, mantém-no à tona, pelo menos mais um ano. Duvidamos que passe disto. Mas para quem caminha em areias movediças, não seria qualquer um que sobreviveria sem nódoas negras. Pedro Nuno Santos aprenderá, seguramente, com esta guinada e ultrapassagem da São Caetano. Tem um ano para se impor. Quanto ao Chega, resta-lhe choramingar na almofada dos extremos e continuar a berrar sem nenhum pássaro na mão. Veremos, quando o desgaste natural do Governo e as habituais asneiras de alguns ministros frágeis aparecerem, como irá Montenegro segurar a casa. Porque isso é certo, será uma questão de tempo. Até lá, temos gestão para um ano. Para 10 milhões de portugueses, incluindo 2 milhões deles em condição de pobreza.

📷 PSD, Braga, Outubro 2024.

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