PCP: um partido em colapso?
Reunido em congresso no passado fim-de-semana, o PCP tem muito com que se preocupar.
Além da perda de terreno eleitoral em todas as frentes, continuamos a ver os seus actuais e antigos dirigentes com discursos virados para o passado e centrados num tempo que já não existe.
Uma das mais emblemáticas intervenções foi a do ex-secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que recorreu à História do último século, para sustentar a tese de que os comunistas enfrentaram em vários momentos conjunturas extremamente adversas, sucederam-se as direções, mas sempre souberam erguer-se. Sim, tudo isto é verdade. O Mundo mudou, mas o PCP não, e parece continuar agarrado à mesma dialéctica que já não pertence a este tempo.
Junte-se a isto a perda constante de militantes e o cenário é não só negro como dramático. O PCP tem actualmente 47.600 membros, menos dois mil do que em 2020, quando tinha 49.900. Segundo o partido, essa redução deve-se ao facto de o número de recrutamentos "não ter compensado aqueles que deixaram de ser contabilizados como membros do partido, em particular por falecimentos".
Isto chegaria se não falássemos de um partido que foi e é ainda decisivo no sistema eleitoral português. Mas, a perda de terreno eleitoral em todas as frentes, tem trazido mais fragilidades que estão cada vez mais à tona.
Paulo Raimundo tem feito o que pode, mas há feridas que continuam abertas. Ou há uma onda de rejuvenescimento que faça uma transição imperiosa para este tempo novo ou não há partido que lhe resista. O tempo tudo dirá, mas o tempo está a esgotar-se e não vejo luz ao fundo do túnel capaz de salvar um partido histórico e que faz falta a Portugal!
Podcast/Opinião de 16 de dezembro na Antena Livre. OUVIR.
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