Em Tormes ou no Panteão, Eça é Universal e isso não é negociável!



A 8 de Janeiro, Eça de Queiroz será trasladado para o Panteão Nacional. Depois de todas as polémicas, e de o processo ter sido tudo menos consensual, centrado entre quem concorda com a decisão e quem acha que Eça devia continuar em Tormes, a verdade é que passados mais de cem anos, a obra do escritor continua mais actual do que nunca. 

E é impossível esquecer a magnífica ‘A Cidade e as Serras’, publicado a título póstumo em 1901, centrada entre a Paris frenética de Jacinto e a rural Tormes, lá longe no interior mais recôndito e atrasado de Portugal. Se por um lado, Eça é de todos nós e do Mundo, e merece repousar no Panteão, por outro, duvido muito que ele o quisesse. Só quem não leu uma única linha de obra do escritor poderá ficar indiferente a esta mudança. 

Uma coisa é certa, o legado queirosiano é irrepetível, e a mim, marcou-me profundamente no crescimento intelectual e emocional na construção para a idade adulta. É não só extraordinário como um mágico na forma como escreveu, criou personagens irrepetíveis, foi exímia a forma como caricaturou a sociedade portuguesa num Portugal amarrado do final do século XIX e destemido na frontalidade com que enfrentou o pensamento e as elites da sua época. Polémicas à parte, Eça é de todos nós e do Mundo, com quem o partilhamos há muito e para sempre. Em Tormes ou Panteão, Eça é universal e isso não é negociável!

Nota: A Casa de Tormes situa-se na freguesia de Santa Cruz do Douro, concelho de Baião, cenário que serviu de inspiração à obra literária 'A Cidade e as Serras', e onde está localizada a Fundação Eça de Queiroz. É um espaço dedicado à preservação da memória e estudo da obra e vida do escritor. Quem nunca a visitou, fica a sugestão!

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