Gouveia e Melo: os tiros no pé do Almirante

Num País onde há demasiados egos para um retângulo tão pequeno, custa a crer algumas decisões que vão lavrando no espaço público. Gouveia e Melo, que começa a deixar marcas, antes mesmo de começar a luta, dá mostras de que não tem a mínima noção do cargo que pretende ocupar. 

Crédito da Foto: Ministério da Defesa Nacional

Se primeiro nos brindou com meses de um tabu ridículo, qual Cavaco Silva dos tempos modernos, eis que decide, na última semana da campanha eleitoral para as legislativas deste domingo, confirmar que é candidato às próximas presidenciais. A surpresa não está no anúncio, mas sim no timing em que o fez. 

Com a agravante de ter dito à boca cheia que não queria perturbar as eleições nem interferir num momento em que o País estava a escolher o primeiro-ministro. Alegadamente, ter-se-á arrependido passadas umas horas, mas a ação estava feita e ela diz muito de um homem cuja ambição é maior do que a sua própria sombra.

Junte-se a isso, o largo folhetim que escreveu há uns meses na revista do jornal Expresso, em que praticamente descreveu as motivações que o levam a querer ser Presidente da República, e começamos a traçar, enquanto cidadãos, um perfil de Gouveia e Melo nesta nova posição em que se coloca. 

Além disso, tem demonstrado uma arrogância e altivez que ultrapassam em muito a humildade de quem quer chegar a Belém. Sendo um outsider da política, devia repensar a assessoria que o rodeia. Porque duvidamos muito que, nesta linha de posicionamento, chegue onde pretende. 

Para um Homem que vem da Defesa, compreendemos que se queira colocar acima dos partidos. Mas precisa deles para vencer e da força que os move. Mais: achar-se melhor que os outros pode ser um caminho que pode trazer-lhe muitos dissabores. Sabemos bem como funciona esse efeito nos eleitores. Para quem ainda não começou, tantos tiros no pé, podem ser mortais. Vindo de um homem com a experiência de Gouveia e Melo, mais grave se tornam. 

Na política, para se chegar longe, não basta ser, é preciso parecer. E se há coisa que Gouveia e Melo cada vez demonstra menos é ser um candidato sério e simples. Que lhe corra bem, mas para isso, é preciso deixar de cometer deslizes. Janeiro de 2026 é já ali e na corrida haverá galos com mais rodagem na bagagem! Veremos se ainda vai a tempo!

*Podcast/Opinião de 19 de maio de 2025, na Antena Livre. OUVIR

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