Rui Rocha: uma saída inglória no meio de uma encruzilhada
Rui Rocha demitiu-se da liderança da Iniciativa Liberal. Muitos provavelmente não ficaram surpresos, outros, como eu, acharam a decisão bizarra.
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Crédito da Foto: Facebook Rui Rocha |
Dois anos e meio depois, e após um resultado nas eleições de 18 de maio que ficou aquém do esperado, Rui Rocha sai sem glória e eventualmente cedo demais. Fez um caminho difícil, com espinhos na construção do carisma, mas ainda assim consistente.
É certo que os liberais não conseguiram captar eleitorado no terreno de outras forças políticas, mas também não é menos verdade que as dores de crescimento fazem parte do caminho.
A afirmação de um projeto liberal em Portugal tem riscos, mas que têm valido a pena, pela forma democrática com que a IL entrou no espaço partidário. Além disso é justo sublinhar a ousadia e sucesso com que o partido soube, através da comunicação e marketing político, chegar às pessoas, incluindo os jovens, com algum êxito. O problema é que isso não basta e parece agora que o partido se encontra numa encruzilhada.
Na noite das eleições, Rui Rocha falava de uma composição "mais complicada" no Parlamento, mas dizia esperar que os partidos "moderados" (onde não inclui o Chega) sejam responsáveis e os "adultos na sala".
Resta saber o que fará o seu sucessor com este ponto morto em que a corda parece já não esticar muito. É preciso reposicionar o centro do debate político, e com o Chega na velocidade em que se encontra, ou a IL reaparece como verdadeira alternativa à direita, ou corre mesmo o risco de ter de enfrentar o percurso inverso. E, a história prova, que a queda das franjas pode ser mesmo mortal. O tempo e a escolha que se segue ditará o rumo que os liberais querem realmente seguir. Será uma espécie de prova de vida, mais uma, que ajudará, ou não, a sedimentar um partido cada vez mais encurralado na direita portuguesa.
*Podcast/Crónica na Antena Livre, esta segunda-feira, 2 de junho. OUVIR.
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