Por que arde Portugal?
Gostava de não voltar ao assunto. Porque, em todos os anos da minha vida, nunca vivi numa realidade diferente. Década após década, Portugal arde. E com ele morrem muitos de nós, uns para sempre, outros há que ficam num sofrimento atroz, a paisagem precisa de novo de se regenerar e, mais uma vez, volta tudo ao mesmo.
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Foto: Recorte Jornal Público |
Mais uma vez voltamos ao diagnóstico. Que está feito. Há anos. Um território desordenado, uma paisagem desprotegida, um Interior desertificado sem uma economia pujante, ausência de cadastro florestal e uma gritante falha crónica na gestão florestal profissional. Tudo isto continua a falhar-nos desde sempre. Com um poder político incompetente, que, a cada legislatura, faz saltitar as florestas ora para a pasta da Agricultura ora para a do Ambiente. E tudo, sem uma estratégia de longo prazo para proteger as pessoas e o território.
Aprendemos com 2017? Tenho dúvidas. E há um responsável político que se mantém no cargo desde então, e questiono: o que fez com todos os Governos seguintes para pressionar nesta matéria? Sim, falo do Presidente da República, um autêntico falhanço institucional que prometeu mundo e pouco cumpriu nesta matéria, além de discursos bonitos, ocos e sem consequência.
A verdade é só uma: não há proteção civil nem bombeiros que nos valham, enquanto não começarmos, de uma vez por todas, a ser inteligentes na gestão sustentável das pessoas e do território. Junte-se a incerteza tenebrosa das alterações climáticas, que vieram para ficar, e percebemos bem por que razão arde Portugal.
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