3 Salazares: mais um soundbite de Ventura e a loucura de um político irresponsável
As frases continuam a dar que falar. E continuarão, porque é isso que o seu autor quer. Ser comentado. E consegue. É por isso que André Ventura é um líder diferente dos outros, porque chega às massas sem esforço, mesmo que isso implique ser através da barbaridade e da polémica.

Crédito da Foto: Facebook André Ventura
As frases do momento:
“Só é preciso três Salazares porque eles deixaram isto tornar-se uma bandalheira completa, só é preciso três Salazares porque deixaram isto inundar de corrupção”.
"Só é preciso três Salazares porque deixaram entrar toda a gente sem pedir cadastro”.
O líder do Chega e candidato a Belém pode dizer as asneiras que quiser, porque uma coisa ele sabe: o que tem dito sobre Salazar - como tantas outras coisas - são apenas soundbites para vender parangonas e ganhar espaço na comunicação social, que, carneira, lhe dá palco, e ecoa ainda mais as idiotices de um homem que quer ser Primeiro-Ministro e não Presidente.
O que mais temo é precisamente que estes gritos cheguem às cabeças e vidas de muitos que vivem em desespero diário, sem casa, sem acesso à Saúde, a contar cêntimos que não existem para chegarem ao fim do mês. São esses os portugueses e portuguesas para quem André Ventura fala. E fala com as palavras certas, as únicas possíveis para fazer chegar uma mensagem eficaz, clara, curta e concisa.
Ao nível da propaganda, Ventura é exímio. Só lhe falta ser mais honesto e voltar ao passado do País, para se redimir e explicar aos mesmos portugueses quem foi realmente António de Oliveira Salazar, uma personagem negra que fundou o regime do Estado Novo em 1933, um regime autoritário, de partido único (a União Nacional) e de cariz corporativo, posto ao serviço da Nação, vincando «não discutimos Deus, não discutimos a pátria, não discutimos a família». Para o efeito, bloqueou o País nas suas mais diferentes dimensões e criou uma ordem interna assente num aparelho de vigilância e de repressão através da PIDE. Se isto não chega, os livros de História e os testemunhos de quem sofreu às mãos da PIDE, contarão o resto da história!
Nota: definição de soundbite na Infopédia [“Expressão inglesa que designa a declaração de uma fonte de informação aproveitada para ser citada em discurso direto. O conceito tem importância a dois níveis distintos. Pelo lado do jornalista, o soundbite é a forma encontrada para ilustrar uma informação, usando a declaração autorizada de uma fonte. Pelo lado da fonte de informação, o soundbite significa a capacidade de poder exprimir uma ideia sem a interferência interpretativa do jornalista. Este último aspeto fez do soundbite um conceito crucial no campo da comunicação política. Os políticos descobriram a utilidade de expressar frases curtas, de forte impacto, que se tornassem irresistíveis para os jornalistas usarem como citação em discurso direto - permitindo-lhes assim fazer passar uma mensagem diretamente às audiências”].


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