Freitas do Amaral: um homem irrepetível na história democrática de Portugal
Passam hoje seis anos sobre a morte de Diogo Freitas do Amaral. A 3 de outubro de 2019, falaram todos. Os amigos. Os inimigos. Os que não gostavam dele e mudaram de opinião no dia da sua morte. Os que o seguiam. E até aqueles que apenas o associam ao CDS e a Sá Carneiro. Mas eu tenho de (continuar a) falar.
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Foto: Wikipédia |
O que cá dentro fervilha quando penso no que me ensinaram sobre o meu País e os que o ajudaram a construir. Freitas é da velha guarda. De uma guarda da qual muitos dos mais novos, como eu, apenas lhe conheceram memórias, pensamento, convicções. Outros, mais novos também, não sabem sequer quem é Freitas do Amaral e o que representou numa segunda metade do século XX difícil, dura de roer, e num tempo de mudanças no Mundo. Em Portugal, terrivelmente mais difíceis ainda.
Conheci-lhe o pensamento de forma madura nos bancos da Faculdade. Num tempo em que, em boa hora, nos ensinavam, a fundo, a História constitucional e política deste País. Mais tarde, em circunstâncias do jornalismo de memória que hoje quase escasseia, pude conhecer-lhe algumas facetas que os livros não me ensinaram sobre ele. Discordei mais dele do que concordei. Até hoje.
Mas Freitas, era tudo o que recordam dele. Mais ainda. Ou menos. Mas era, acima de tudo, História de Portugal. Daquela que todos nós, em tenra idade, víamos a preto e branco, nos livros da escola. A mesma História que hoje está menorizada nos programas escolares. A História de um País democrata, que sobreviveu a uma ditadura, que lambeu sangue de outros portugueses, para resistir. Com ele, partiu mais um bocadinho da luta democrática. Uma luta que nunca vi como ideológica, apenas e só, como coletiva. Porque só assim faz sentido. Porque há figuras de um País que transcendem as suas próprias escolhas. Sobretudo as ideológicas.
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