60 anos de Scorpions: a história de uma revolução pacífica, o assobio rejeitado e um líder soviético rendido

Rudolf Schenker, fundador e guitarrista dos Scorpions, deu, por estes dias, uma entrevista à Rock Brigade Magazine, sobre os 60 anos da banda, em celebração em 2025. 



Numa longa conversa, aborda-se o impactante Wind of Change, cuja história já aqui contamos vezes sem fim. “Wind of Change nasceu de algo único. Fizemos parte da revolução mais pacífica da História. Sem tiros, sem armas, nada. O Muro [de Berlim] simplesmente caiu. É inacreditável. E o Klaus [Meine, vocalista] soube como chegar a esse momento porque, um ano antes, tínhamos feito 10 concertos em Leningrado (atual São Petersburgo). Eu já tinha dito em 1983, ‘Malta, precisamos ir à Rússia’. ‘À Rússia? Porquê?’ Porque queríamos mostrar ao mundo que uma nova geração estava a nascer na Alemanha, não com tanques, mas com guitarras, levando amor, paz e rock and roll. Amor é “I Love You”, paz é “Wind of Change”, e rock and roll é “Rock You Like a Hurricane”. 

Esta pequena introdução de Rudolf serve para explicar o que a seguir fizeram: 10 concertos em Leningrado, para 11 mil pessoas por noite. Um ano depois, tocaram no festival ‘Moscow Music Peace Festival’, com Bon Jovi, Ozzy Osbourne e tantos outros. Aí o cenário era outro: 110 mil pessoas. O mundo já estava em mudança, e a inspiração para o Wind of Change acabaria por chegar enquanto a banda passeava no rio Moscovo (Moskva). 


Quando avançaram para a gravação da música, a editora não queria manter o famoso assobio. “Rock and roll não tem assobio”, foi-lhes dito. Responderam: “Testamos tudo, e o assobio funciona melhor que qualquer coisa.” Hoje a editora reconhece: “Vocês estavam certos”. E Wind of Change tornou-se a banda sonora da revolução mais pacífica até aquele dia. 

A história de Wind of Change não havia de terminar aqui. Quiseram gravar em russo, e a música passou a tocar em inglês e depois em russo. O objetivo era claro: queriam que Mikhail Gorbatchov os convidasse a irem Kremlin. E conseguiram. Nesse dia, após passarem o Portão 13, onde são recebidos todos os Chefes de Estado, tocaram para o então líder soviético esse “Wind of Change” que queria a paz. A seguir, bem, a seguir, sucederam-se milhares de concertos em inúmeros países. E até os Mettalica, conta Schenker, queriam saber onde os Scorpions tocavam. Diziam que se eles iam, era seguro. 



Os Scorpions, a banda eterna desta casa, farão sempre parte da revolução mais pacífica da História, e isso é, apenas e só, o que a música deve representar. Para mim, representam, claro, muito mais. São o exemplo de uma relação de Amor-Música-Amor, que é eterna desde (quase) que nasci.


Wind Of Change: aniversário de Gorbachev nos seus 80 anos, no Royal Albert Hall, Londres.

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