Que saudades deste Cavaco!


«Cumpro aquilo que digo». «Fiz tudo ao meu alcance para garantir a estabilidade institucional da democracia». «A decisão da Assembleia é absurda, abala o equilíbrio de poderes e afecta as relações entre as várias instituições democráticas». «A qualidade da nossa democracia sofreu um sério revés». Foram mais mas estes excertos chegam e sobram para descrever o sentimento do Presidente em relação ao que sucedeu com o Estatuto Político dos Açores.
Que a AR e o PS encurralaram Cavaco, obrigando-o a promulgar o diploma, já o sabíamos. Ficamos a saber apenas o que o PR pensa dos deputados que elegemos: absurdos. Cavaco confirmou hoje, de forma clara e inequívoca, que as relações entre Belém e S. Bento estão deterioradas e que Sócrates foi pouco inteligente em ter decidido ir em frente nesta matéria e afrontar Cavaco.
A partir de agora, o PS fica à vontade para governar. Já não tem a benção de Belém. E ainda bem. Porque vai escorregar. E bem. Já tinha saudades deste Cavaco, dos anos 90!

Comentários

JN disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
JN disse…
Cavaco esteve bem. No tom, na forma, no conteúdo. Foi claro e absolutamente esclarecedor relativamente ao processo que o obrigou a promulgar o Estatuto dos Açores. Falou em «falta de lealdade», de «precedente grave», de «interesses de circunstância». Sublinhou o «absurdo» de, «amanhã», a AR estar «refém» da ALA para alterar qualquer norma. Palavras duras que, quem duvida?, assinalam o fim da «cooperação estratégica». Terá sido o primeiro episódio de uma «semana horribilis» para o Governo socrático?
Anónimo disse…
Cavaco se tivesse dois dedos de tino político tinha mandado a coisa para o Tribunal Constitucional em vez de esticar a corda com um assunto que não tem a mesma relevância democrática das tropelias diárias da Madeira. O normal funcionamento democrático do órgão legislativo bem pode ser atropelado pela maioria do seu partido que ele nem diz nada. Tirarem-lhe um pedacinho de poder já o irrita. Confunde o essencial com o acessório. Lamentável, mesquinho e inconsequente!
Anónimo disse…
Jardim é uma espécie de taberneiro do regime, mas tem razão. O episódio dos Açores não passa de show off para entreter as massas.
Saudações.
Ass: o blogger César, não o Carlos
Anónimo disse…
O jardim tem razão em quê? ó abominável césar? em fechar a assembleia regional? em não deixar o PR ir a uma sessão da dita?
Anónimo disse…
Jardim e César são dois ditadorzecos, essa é que é essa. Pena que só se descubra a careca do César agora quando o homem já lá está há uma série de mandatos.
Ass: o blogger César, não o Carlos
Anónimo disse…
sim, e cavaco sempre se procupou muito com a qualidade da democracia. Veja lá se diz algo ao Dias Loureiro? Aí não veio ele bater com eles na mesa!
JN disse…
Deste comentário concordo com o «anónimo» quando diz que Cavaco podia ter remetido «a coisa» para o TC. Devia, de facto, tê-lo feito. É para dirimir casos como este, ou similares, que o TC serve. Também subscrevo que o Estatuto dos Açores não é, de todo, um assunto de relevância trascendente para a democracia portuguesa. Mas discordo em absoluto quando diz que o PR «amuou» por lhe terem tirado um «pedacinho de poder». O PR deixou claro que em causa não estava o ACTUAL PR, mas sim a violação da Constituição que ele jurou cumprir e,essencialmente, o desrespeito pelos PRINCÍPIOS.
Ana Clara disse…
Pois, e Cavaco mandou «a coisa», como lhe chama, para o TC. Das 13 questões levantadas por Cavaco, os juízes do Constitucional consideraram oito delas inconstitucionais e cinco conformes a Constituição. Mas a verdade é que, ao que tudo indica, aqueles que mais ferem os preceitos constitucionais, segundo o PR, nao foram tidas em conta. E só para aclarar: também Jorge Miranda, um prestigiado constitucionalista deste rectângulozinho, já veio dizer que subsistem inconstitucionalidades no Estatuto. E pior: Jorge Miranda diz que o Estatuto tem mais problemas do que aqueles que Cavaco apontou. Para quem concorda com o Presidente, talvez ainda sonhe com o sucesso da fiscalização sucessiva pedida pelo PSD. Tal nao impede a promulgação nem a anula, mas pode, pelo menos, aperfeiçoar o que o PS não quis emendar.
E já agora também: o PR não tem poderes nenhuns! Esse é que é o problema e isso também não o chateia. O que está em causa são questões de Estado e soberania das instituições. Só quem não leu as normas de protesto a que Cavaco se refere, não o entende.
Anónimo disse…
só quem não vê o cavaco baquear e titubear noutras coisas acredita nessa soberana bondade da criatura!
Anónimo disse…
O colega anónimo, tem razão.
E o caso envolvendo Dias Loureiro? hummm? morreu??
Ass: o blogger César, não o Carlos
Anónimo disse…
cavaco fala duas vezes ao país por causa de um assunto simbólico. as bem reais falências económica, financeiras e políticas já não lhe dizem nada. Se é deste que se está à espera.
Ana Clara disse…
Tenham calma, senhores! Esperem pela mensagem de Ano Novo. Há tempo para tudo. E falta um dia para o Presidente dizer o que pensa sobre a crise económica. Pode ser que vos fale ao coração e pense da mesma forma que todos nós! Quem conhece o político sabe bem o que pensa Cavaco sobre tudo o que se está a passar!
Anónimo disse…
Curioso, então não é que agora deu na autocrítica?:«Os portugueses gostariam de perceber que a agenda da classe política está, de facto, centrada no combate à crise. As dificuldades que o País enfrenta exigem que os agentes políticos deixem de lado as querelas que em nada contribuem para melhorar a vida dos que perderam o emprego, dos que não conseguem suportar os encargos da prestação das suas casas ou da educação dos seus filhos, daqueles que são obrigados a pedir ajuda para as necessidades básicas da família«

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