Congresso do PSD. Virado para dentro e para um país irreal.

Começa hoje, em Lisboa, o XXXIV Congresso do PSD. Um conclave que será tudo menos apelativo, já que a introdução das 'directas' no partido da São Caetano matou a tradição e a imprevisibilidade de outros tempos. Com o líder já eleito, será um encontro virado para dentro, onde se irá discutir e votar alterações ao programa, aos estatutos e eleger os novos órgãos nacionais. E é este último ponto de trabalhos que irá animar os corredores do conclave, saber quem cai e quem sobe é o único entretenimento possível.Será, pois, um cumprir de calendário para Pedro Passos Coelho que elegeu o tema 'PSD, um partido de causas' para levar a debate durante todo o fim-de-semana. A reforma local, as 16 moções sectoriais e os estatutos são, por isso, os desinteressantes temas a debate. Para já, um 'adeus', o de António Capucho, que anunciou, no arranque dos trabalhos esta manhã, a suspensão do cartão de militante ao fim de 38 anos no partido. Pelos vistos, zangado: «parece que não precisam de mim, que me descartaram». Em Belém, certamente não pensarão assim, enquanto a cadeira de conselheiro for sua.De resto, teremos um partido a subscrever o programa de Governo em marcha, as directrizes de uma Troika que emprestou o dinheiro e um olhar diferente do país que irá certamente aproveitar o sol. Em moldes diferentes, teremos, decerto, uma memória socrática: um Primeiro-Ministro a falar para dentro e de um país que só existe nos sonhos dos que nos governam.


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