Olivença: a alma ibérica que mora do outro lado do Guadiana
Em Olivença, o tempo não apagou a marca portuguesa de séculos, seja nos monumentos, na história, nos costumes, na gastronomia ou nas palavras.
Na localidade raiana, situada do outro lado do Guadiana, a chegada de um português, vindo deste lado, é sempre sinónimo de júbilo.
Por ali, o povo oliventino abre-se ao mundo e sente-se na alma e na vida, ensombrado até pela “portugalidade” de outros tempos. Questiúnculas políticas à parte, na povoação encravada entre Portugal e Espanha, num território disputado, ao longo de sua história, as influências – históricas, arquitetónicas, linguísticas e gastronómicas - dos dois povos, salta à vista de qualquer um.
A última vez que visitei Olivença foi em 2013. Por alturas de maio. Apesar de terem sido três dias em trabalho, pude assistir ao que de melhor Olivença tem para dar ao turista. Museus e espaços culturais não faltam. A começar pela Igreja de Santa Maria Madalena, construída no início do século XVI, e de traço manuelino, tendo sido antiga sede do bispado de Ceuta no tempo dos portugueses. É hoje considerada um dos mais importantes monumentos nacionais em Olivença.
Outro ponto importante para quem faz este périplo é subir à Torre Espantaperros, datada do século XII, e que se localiza na parte oriental da Cidadela. Atualmente é uma torre de vigia e visitável, oferecendo, a quem a sobe, uma visão de esplendor pela paisagem raiana.
Pelas ruas de Olivença a língua portuguesa é uma constante. Seja nos falares ou nas inscrições dos nomes das ruas. Em cada loja, café ou restaurante é impossível não encontrar uma herança nacional, às vezes criando a ideia – para muitos clara – da vontade de Olivença voltar a pertencer ao território português.
Igreja da Madalena. |
É por isso que escolhi Olivença como tema desta crónica. Porque também eu me sinto oliventina, e com sintomas de portugalidade, sempre que piso aquela terra.
Vale a pena uma visita e estadia. E depois, bem, depois temos o Guadiana e a sua eterna ponte da Ajuda, que ligava Elvas ao outro lado, noutros séculos passados. É ainda uma relação histórica traçada pelo rio. Quem a olha, ao longe, sabe do que falo. Sabe que isto, para um português, só pode ser… amor!
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