Portugalidade: Idanha-a-Nova, o centro da Península Ibérica
Eis os factos. A meio caminho entre Lisboa e Madrid, fica o concelho de Idanha. Com a autoestrada da Beira Interior (A23) e o IC31 até à fronteira das Termas de Monfortinho, dispõe atualmente de boas acessibilidades, a apenas 286 km de Lisboa. Pela autovia Cória/Navalmoral de la Mata e Cáceres, são apenas 320 km até Madrid e muito menos até Cáceres, Badajoz e Salamanca.
A posição é perfeita se olharmos para a Península Ibérica. E razões para visitá-la não faltam. Comecemos pelas suas aldeias históricas: Monsanto (considerada a aldeia mais portuguesa de Portugal), Penha Garcia e Idanha-a-Velha. Destacamos as 3 que conhecemos, mas há muitas mais por descobrir no concelho, cada uma com a sua personalidade própria.
Idanha-a-Velha
Fundada pelos romanos em finais do séc. I a.C. e elevada a município cerca de um século mais tarde, a cidade sobrevive às invasões dos povos germânicos. Com os suevos torna-se sede de bispado, estatuto que mantém com os visigodos. A este período remete uma das suas lendas mais conhecidas, a do Rei Wamba.
A invasão muçulmana, no início do século VIII e as subsequentes guerras da reconquista cristã trouxeram consigo um sério revés ao desenvolvimento da cidade.
Idanha-a-Velha apresenta-se como um “museu a céu aberto”, que ocupa um lugar incontornável no contexto das estações arqueológicas do país.
Este notável conjunto arquitetónico e arqueológico encontra-se classificado como Monumento Nacional e integra a rede de Aldeias Históricas de Portugal.
Antiga capital romana da Civitas Igaeditanorum (séc. I a.C.) foi, mais tarde, sede episcopal sob domínio suevo e visigótico. No séc. VIII, foi ocupada pelos muçulmanos e reconquistada pelos cristãos no séc. XII.
Erguida sobre o antigo forum romano, a imponente Torre Templária, recorda a doação, no séc. XIII, deste território à Ordem do Templo e a sua vincada influência na região, bem percetível nos dias de hoje.
Atualmente, a riqueza histórica desta peculiar aldeia, situada nas margens do rio Ponsul, é a raiz da sua revitalização. A partir daqui funciona uma Incubadora de Indústrias Criativas que recebe e estimula criatividade de artistas de todo o mundo.
Nos arredores, as paisagens alimentam a atividade agrícola, crescentemente em ambiente biológico. Inova-se a partir da tradição. Essa mesma tradição é celebrada no Festival Casqueiro. Inspirado pelo forno comunitário da aldeia, ao dispor da simpática população e visitantes, promove o pão e bolos típicos da região.
Monsanto
Concederam-lhe foral D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Sancho II e D. Manuel.
A parte mais antiga está no ponto mais alto, onde os Templários construíram uma cerca com uma torre de menagem. A esta estrutura é mais tarde adicionada uma outra, ritmada por torres, com dois recintos desnivelados. O primeiro inclui uma cisterna e a Igreja de Santa Maria. Na parte baixa, rasga-se a porta principal da cerca. Fora de muros, o povoado primitivo em torno da Capela de S. Miguel, pequeno tesouro da arquitectura românica, é defendido por uma cerca baixa. Sobranceira ao aglomerado, hoje em ruínas, ergue-se a Torre do Pião.
Ícone turístico de Portugal e do concelho de Idanha-a-Nova, a aldeia histórica de Monsanto é uma experiência inesquecível para quem a visita.Exibindo desde 1938 o título de 'Aldeia Mais Portuguesa de Portugal', construiu a sua arquitetura ao sabor do relevo, com a criatividade da população a dar origem à coexistência única entre o natural e o edificado. Grutas e penedos graníticos originam aqui engenhosas habitações e outras construções.
Presença habitual nos tops de aldeias europeias e mundiais, Monsanto foi eleita pela Associação de Agências de Viagens do Japão, numa votação envolvendo mais de 600 profissionais, como uma das 30 aldeias históricas mais belas da Europa, sendo a única representante portuguesa.
Tem uma vida própria que se deixa observar. É o caso da multissecular Misericórdia, das tradições Quaresmais ou da Festa da Divina Santa Cruz, que evoca a Vila Templária e homenageia a heroica resistência dos monsantinos no cerco ao seu Castelo Medieval.
O património geológico também tem relevância internacional. Sobressaem os “Montes-Ilha” de Monsanto, geomonumentos do Geopark Naturtejo da UNESCO.
Emblemáticos são, igualmente, os adufes e marafonas. O primeiro é um instrumento milenar; as marafonas são bonecas de trapos, com traje regional, sem olhos, nem boca, nariz ou ouvidos.
Penha Garcia
A aldeia de Penha Garcia, no concelho de Idanha-a-Nova, é invulgarmente fértil em vestígios romanos e pré-históricos.
As suas origens perdem-se no tempo. Sabe-se que foi sede de município e que D. Dinis doou a vila aos Templários, uma herança que permanece viva no seu quotidiano.
O Castelo Templário, no cimo de uma encosta, oferece a vista ideal sobre o profundo recorte do vale do Ponsul, onde este geomonumento preserva inúmeros vestígios do que foi a vida neste lugar há 480 milhões de anos, quando estas cristas quartzíticas eram um imenso mar. Tempos em que a região estava próxima do Pólo Sul e reinavam trilobites e seus predadores, num impressionante mundo de biodiversidade aquático. Hoje é o “berço” do Geopark Naturtejo, o 1º português, da Rede Mundial de Geoparques da UNESCO.
A herança Templária é, igualmente, fonte de desenvolvimento. Na feira medieval, ruelas do “burgo” revivem memórias ancestrais, outrora com presença de Misericórdia.Em Penha Garcia, o património também é musical, com selo da Rede de Cidades Criativas da UNESCO. Aqui está viva a memória da cantadeira e adufeira Catarina Chitas e do “último” tocador de viola beiroa, Manuel Moreira, inspiração para uma oficina que resgatou o instrumento da extinção.
Parque Natural do Tejo Internacional
Mas Idanha-a-Nova tem muito mais para descobrir. O Tejo Internacional é uma dessas preciosidades naturais. Situado na transição entre a Beira Baixa e o Alentejo, este Parque Natural abrange o troço fronteiriço do Rio Tejo e seus afluentes, nomeadamente o Erges, a leste, e o Pônsul, a oeste, totalizando uma área superior a 26 484 hectares. Considerado um dos mais relevantes da Europa, o Parque Natural do Tejo Internacional tem um património natural riquíssimo devido à sua biodiversidade e que permanece ainda em estado puro.
O Parque Natural do Tejo Internacional é um parque natural português que abrange uma área em que o rio Tejo constitui a fronteira entre Portugal e Espanha, englobando partes dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão.A vegetação do parque inclui bosques de sobreiros e azinheiras e galerias de salgueiros (Salix sp.) ao longo dos rios. É uma importante área de nidificação de aves, podendo-se observar a águia-de-bonelli, águia-real, abutre-fouveiro e abutre-do-egito.
Também abriga populações de cegonhas-pretas, uma espécie rara em Portugal. Os mamíferos do parque incluem a lontra-europeia, o gato-bravo, o veado-vermelho e a gineta. Também se destacam os salgueirais de Salix spp. Muitas destas são espécies raras, algumas encontram-se mesmo em vias de extinção e, por isso, esta é uma área protegida.
No Parque Natural do Tejo Internacional coexistem harmoniosamente centenas de espécies animais e vegetais com núcleos humanos tradicionais. Aqui e além, há lugarejos rústicos e quase despovoadas, mas há também aldeias renovadas, com casario cuidado. Tudo à espera de ser desvendado por si.
Termas de Monfortinho
No sopé da serra de Penha Garcia, junto à margem direita do rio Erges, encontra-se uma das mais antigas fontes termais do país - a Fonte Santa.
Esta fonte é considerada a mãe das Termas de Monfortinho e enquadra-se num cenário onde a natureza permanece intacta.
Neste paraíso natural, o ar e a água fazem maravilhas e conjugam-se fatores naturais para a harmonia entre a natureza e a tranquilidade.Além de serem dedicadas à saúde, as Termas de Monfortinho também disponibilizam serviços direcionados para o repouso, bem-estar e beleza.
As águas da Fonte Santa de Monfortinho são hipomineralizadas, bicarbonatadas, sódicas cálcicas e magnésicas, possuindo um dos maiores teores de sílica entre as águas termais portuguesas. A temperatura de nascente é de 29º C e apresentam um pH de 5,45. O caudal de nascente atinge 36.000 litros/hora.
São particularmente indicadas para problemas de pele, com destaque para a psoríase, sendo aconselhadas para:
- Doenças Crónicas de Pele: psoríase, eczemas, acne, celulite, sequelas de queimaduras;
- Doenças hépato-vesiculares: hepatites crónicas, discinesias, litíases biliares;
- Doenças gastrointestinais: gastrites, úlceras pépticas, colites espáticas, diverticulites, síndromes hemorroidários;
- Doenças Reumáticas: Artrose, espondilose, tendinite, fibromialgia;
- Doenças das Vias Respiratórias: rinite, sinusite;
- Litíase Renal;
- Repouso e Bem-Estar.
As Termas de Monfortinho encontram-se abertas todo o ano (condicionadas atualmente, devido à pandemia).
Gastronomia beirã
O concelho de Idanha-a-Nova é detentor de uma gastronomia muito semelhante de freguesia para freguesia, com uma culinária, simples, que traz consigo o gosto milenar de gerações passadas.
Quando por lá passar, não deixe de provar os pratos confecionados à base de carne, como a sopa da matança, a caldeirada de borrego, o ensopado de javali, ensopado de veado, pernil de javali ou arroz de lebre, ou uns deliciosos espargos silvestres.
Apesar da distância do mar, poderá saborear ótimos pratos de peixe (água doce): achigã frito com arroz de tomate ou umas migas de peixe. Nos doces, destaque para os borrachões, broas de mel, bolos de leite, bolos de azeite, bolo doce da Páscoa, as tigeladas cozidas em forno de lenha, o arroz doce, as papas de carolo (feitas à base de sêmola de milho moído), entre muitas outras.Estes são apenas alguns motivos para visitar Idanha, um oásis no Interior à sua espera! Porque somos todos...Portugalidade!
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BI – Idanha-a-Nova
População: 9716 habitantes
Área: 1416.00 km2
N.º de freguesias: 13
Presidente da Câmara: Armindo Moreira da Palma Jacinto
Contactos:
Email: geral@cm-idanhanova.pt
Site: www.cm-idanhanova.pt
Telefone: 277 200 570
Fontes e Crédito das Fotos: Câmara de Idanha-a-Nova; Turismo Municipal.
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