As redes sociais e o ódio

É um tema que há muito me incomoda. Há anos até. Mas, nunca como nos últimos meses, me tem provocado tanta ira interior. 

Crédito da Foto: Pixabay (uso gratuito)

Confesso que não falei sobre isto até hoje. Talvez por considerar que não vale a pena um segundo de tempo perdido. Contudo, por ser tão perturbador, é impossível continuar a passar ao lado. Falo das caixas de comentários das redes sociais. Já nem falo apenas de temas fraturantes – como a imigração – mas sim de tudo. 

A quantidade de ódio que desfila em cada notícia, em cada post de pessoas – sejam elas figuras públicas ou anónimas – é, de facto, assustadora. Muitas vezes, comentários desinformados, onde a gratuitidade do comentário, não passa disso mesmo. Outras, a incitação ao ódio é quem comanda o destino. Junte-se a isso, a impunidade que lavra no terreno pantanoso das redes sociais, sem regulação, sem lei nem regras, onde todos se acham no direito de escrever o que bem entendem, ofendendo, humilhando, destratando, protegidos por uma penumbra que, sabem eles, nunca passará disso mesmo. 

É este o Mundo em que escolhemos viver. É esta a realidade que molda as novas gerações. As mesmas que não têm, provavelmente, meios de defesa moral e cívica, para se defenderem ou para se protegerem disto. Destaco, em particular, dois protagonistas em Portugal, que são os alvos mais fáceis e que diariamente estão sujeitos a estes comportamentos: os partidos políticos (com particular destaque para o Chega) e a comunicação social/jornalistas. É muito grave o que se escreve, em milhões de caixas, diariamente, contra ambos. 

Ter opinião, falar, debater, argumentar, são tudo expressões que parece terem sucumbido aos tempos novos da internet e das suas novas tendências. Mas, um dia chegará o momento em que o sistema criado colapsará. Resta saber, para que lado cairão os estilhaços. Cada um que se proteja como entender. Eu, por mim, já desisti. O cansaço é rei, e por mais que tente, não há paciência que me valha.

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