Incêndios em Portugal: oito anos depois, o Inferno que se repete
![]() |
Crédito da Foto: Ana Clara. 23 de setembro de 2017. |
Há oito anos era esta a imagem que restava, após a passagem do inferno na Terra. Lambiam-se as feridas que se abriram. Recomeçávamos de novo. Sem holofotes. Que apenas se importaram na hora da tragédia. Não pedimos nada em troca. Choramos tudo para dentro. Não houve lamentos. Apenas a tristeza de ter uma paisagem pintada de cinzento. O cheiro a queimado, esse, ficou, muito, muito tempo. Entranha-se. Percorre a pele e a alma. Mas as ruas haviam de voltar a ser públicas. Os caminhos foram limpos e voltaram a abrir esperança. A seu lado, montanhas de entulho que outrora foram casas, sustento de muitos e alento de outros tantos. Onde famílias inteiras nasceram. Que ficaram pó levando consigo o trabalho de uma vida. E que voltaram a ser chão. Passaram oito anos desde o dia em que esta fotografia foi registada. Este verão é o que sabemos, numa repetição de tudo, apenas mudaram de protagonistas os locais e os portugueses. E, no entretanto, em tempo de autárquicas (tal como em 2017), a campanha, decerto não passará por lá. Lá, onde nada importa para ao centralismo vigente. Mas as gentes, de fibra, abrem sorrisos, recuperam, reconstroem, com um ânimo invulgar, tudo aquilo que o fogo lhes roubou. São felizes na sua condição. São povo. Português. E haverão de renascer. Este texto segue diretamente para as regiões afetadas pelos incêndios de 2025. Daqueles que viveram na pele, mais do que uma vez, o drama dos incêndios. Que sejam capazes. Sei que o serão.
Louriceira, concelho de Mação, 23 de setembro de 2017.
Comentários