Mundial 2018: São Petersburgo, a “capital” dos czares


Catedral da Trindade


«Que seja claro o teu céu, que seja luminoso e sereno o teu doce sorriso e bendita sejas pelos minutos de felicidade e de alegria que deste a outro coração solitário e agradecido. Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Não será isso o bastante para preencher toda a vida de um homem?». Noites Brancas, Fiódor Dostoiévsky.

São Petersburgo carrega com o nome a herança dos séculos XVIII e XIX.

Nesta viagem pelas cidades do Mundial da Rússia 2018, carimbamos os pontos mais emblemáticos de cada uma delas. Hoje é a vez da cidade imperial e das "Noites Brancas" de um dos escritores mais amados da autora deste blogue. 

Catedral de Santo Isaac

Com o rio Neva como companheiro, a imponente São Petersburgo é também a antiga Capital dos Czares. O seu imperialismo faz-se, ao longo das décadas, notar nas largas avenidas, canais e pontes, palácios, catedrais e cúpulas douradas, que se mantém intactas até aos dias de hoje.

A cidade, dos meus sonhos em cada ano da minha vida, é cenário cinzento de diversos romances de Fiódor Dostoiévski, e já foi Petrogrado (entre os anos de 1914 e 1924) e Leningrado (de 1924 a 1991).

Fiódor Dostoiévski

Foi em 1703, que chegaria a fundação histórica de São Petersburgo pela mão do czar Pedro, o Grande. A cidade foi capital do Império Russo entre os anos de 1713 e 1728 e entre 1732 e 1918.

Após a Revolução Russa, São Petersburgo deixa de ser a capital do país, passando o título para Moscovo, sendo que é reconhecida com um dos mais importantes centros de cultura do continente europeu.

Vários acontecimentos históricos aconteceram aqui, na cidade dos czares. Foi aqui que os soldados vermelhos derrotaram o Exército de Hitler. 

Aproveitando-se das baixas temperaturas do inverno russo, a então URSS derrotou as forças do Eixo, episódio deu origem ao fim da II Guerra Mundial. Também foi em São Petersburgo que Vladimir Putin e Dmitri Medvedev, deram o pontapé de saída nas suas carreiras na política.

A revolução russa de 1917 começou em Petrogrado quando os bolcheviques invadiram o Palácio de Inverno

Pontes, canais, palácios, catedrais sumptuosas. Assim se pode descrever São Petersburgo. E basta passear pela cidade para perceber o quanto Pedro, o Grande se empenhou na construção da cidade, considerada por muitos como a primeira cidade moderna da Rússia.

Conhecida como “a Veneza do Norte”, a cidade, banhada pelo Neva (passeios de barco são quase obrigatórios), tem vários canais e mais de 300 pontes, e cuja inspiração Pedro, o Grande, foi beber a Amsterdão.

Avenida Névsky

O seu centro histórico é Património Mundial da UNESCO e tem na Avenida Névsky, recheada de bares, restaurantes e livrarias uma das atrações principais. Começamos pelo seu maior postal: o Hermitage.

Hermitage

São cinco edifícios, com destaque para o maravilhoso Palácio de Inverno. Foi construído em 1754, e foi residência oficial dos czares durante 150 anos, incluindo Catarina, a Grande, e a família Romanov (o primeiro czar deste clã foi Mikhail I, e o último Nicolau II, assassinado com a família, em julho de 1918, após a revolução de 1917, liderada pelos bolcheviques).  

Hermitage
O complexo do Hermitage integra o Centro Histórico de São Petersburgo, e tem uma arquitetura única, que une estilos barroco, neoclássico e influências culturais russas e bizantinas.

Atualmente, o Hermitage possui um acervo de 3 milhões de peças que se distribuem pelo Palácio de Inverno, O Pequeno Hermitage, O Grande (ou Velho) Hermitage, O Novo Hermitage, O Teatro HermitageSaiba mais aqui

As maravilhosas “Noites Brancas”

«Sou um sonhador; tenho tão pouca vida real, que momentos como estes que presentemente vivo, por demais preciosos, não posso deixar de os repetir nos meus sonhos. Sonharei consigo toda a noite, toda a semana, todo o ano. Amanhã sem falta, voltarei aqui, a este lugar, a esta mesma hora, e sentir-me-ei feliz por recordar o dia de hoje. A partir de agora, este lugar é querido aos meus olhos. Existem dois ou três locais assim em Petersburgo», Noites Brancas. 

Queima de fogos marca a chegada das Noites Brancas, e também o fim do inverno


Falar de São Petersburgo sem falar das “Noites Brancas”, de Dostoiévsky, é impossível. Li-o aos 15 anos. Tenho nele a profundeza de tudo quanto se pode ter de um escritor e será sempre um clássico intemporal da literatura russa que nos coloca em confronto com os nossos sonhos e a busca incessante da felicidade.



Talvez tenha começado aqui a minha paixão pela Rússia e pelas ruas, palácios e magia de São Petersburgo. Publicado em 1848, Noites Brancas confronta o sonho e a realidade da mesma forma que o princípio do verão em S. Petersburgo é marcado pelas famosas noites brancas, em que os dias são tão longos não chegando propriamente a escurecer.



Assim, do mesmo modo que S. Petersburgo foi edificada graças à determinação e ao espírito visionário e empreendedor do czar Pedro, o Grande, o herói de Noites Brancas ensina-nos que só a busca por aquilo que queremos pode e deve fazer sentido. 


«Existem em Petersburgo (…) alguns lugares bastante insólitos. Dir-se-ia que nesses sítios não penetra mesmo o sol que brilha para todos os outros petersburgueses, mas sim um sol novo, encomendado de propósito para semelhantes espaços e que emite uma luz especial, única. Nesses recantos (…) leva-se uma vida completamente diferente, em nada semelhante à que bule à nossa volta, uma vida que poderia existir em mundos distantes e desconhecidos, e não aqui, entre nós, nestes tempos sérios, excessivamente sérios, em que vivemos. Essa vida é uma mistura de qualquer coisa do mais puro fantástico com o mais fervoroso ideal, combinado, ao mesmo tempo (…) com elementos grosseiramente prosaicos e comuns, para não dizer incrivelmente vulgares. (…) Vai ouvir que nesses lugares recônditos habitam seres estranhos, os sonhadores. O sonhador, para o definir de uma forma mais precisa, não é uma pessoa, sabe?, mas uma espécie de criatura do género neutro. Refugia-se, de preferência, nalgum canto inacessível, como se fosse sua intenção ocultar-se até mesmo da luz do dia, e, uma vez ali enfiado, deixa-se ficar na sua carapaça; à imagem do que acontece com o caracol, ou, pelo menos, torna-se parecido com esse curioso bicho que é ao mesmo tempo animal e casa e que dá pelo nome de tartaruga». 

"Noites Brancas". 

Almirantado

Foi a 5 de novembro de 1704, que Pedro, o Grande, colocou a primeira pedra da Fortaleza do Almirantado. A construção reflete a ideia da grandeza da Rússia como um estado naval. A torre do Almirantado com um cata-vento é um dos símbolos mais reconhecidos da cidade.

Pedro I

Um dos símbolos maiores de São Petersburgo é o monumento a Pedro I na Praça do Senado, erguido em 1782 por ordem de Catarina II, que admirava o primeiro imperador russo.

Teatro Alexandrinskiy

Um dos monumentos mais emblemáticos da cidade e que é procurado por muitos turistas. Saiba mais aqui.

Há ainda o Parque Central de Cultura e Lazer S. M. Kirova, um espaço magnífico de lazer, cultura, atividades ao ar livre, ideal para as famílias e turísticas, seja de verão ou e inverno. Saiba mais aqui.


A catedral de Kazan
A Catedral Kazan foi construída pelo arquiteto Andréi Voronikhin. Dá o nome a Nossa Senhora de Kazan, o ícone mais venerado da Igreja Ortodoxa Russa.

Saiba mais aqui. 

Catedral de Kazan

Bela e nobre, S. Petersburgo tem uma oferta cultural  imbatível. Associada a Tchaikovsky, Pushkin, Dostoiévski e Nabokov, é também conhecida pelo seu Ballet Mariinsky e pelo jazz. No inverno o seu charme é gélido, mas no verão pode maravilhar-se com os longos dias e hipnotizantes crepúsculos, fenómeno imortalizado pelas "Noites Brancas" no romance histórico de Dostoiévski.

A Grande Cascata de Petrodvorets

Grande Cascata de Petrodvorets, na Avenida da Água, é considerada o Versalhes russo. Construído por Pedro, o Grande, possui uma série de pavilhões, espalhados por um extenso parque arborizado nas margens do Báltico, a cerca de trinta quilómetros de São Petersburgo.



Apesar de a primeira construção ter sido destruída pelos alemães durante a IIª Grande Guerra, a beleza das suas fontes e repuxos só poder ser mais apreciada de maio a setembro, quando o tempo é mais convidativo.  

Em junho, é a vez das Noites Brancas, os últimos dez dias em que o sol se põe durante escassas horas. São Petersburgo fica literalmente repleta de russos e estrangeiros, e de novo a população festeja a sua cidade, desta vez durante a “noite”, com festivais de música e ballet um pouco por todo o lado.

Catedral de São Nicolau dos Marinheiros

As paredes azuis da Catedral de São Nicolau dos Marinheiros ficam à beira do canal Kryukov. Batizada em homenagem a São Nicolau, padroeiro dos marinheiros, é um símbolo das instituições religiosas e navais da Rússia.

Catedral de São Nicolau

Rua Nevsky

É uma das ruas mais turísticas e conhecidas da cidade, foi projetada pelo arquiteto Alexandre Baptiste LeBlond, a pedido de Pedro, O Grande. Lojas, restaurantes, cafés-livrarias são as suas principais atrações. 
  
Visite ainda a Basílica de Santo Isaac, a Catedral do Salvador do Sangue Derramado e o jardim botânico de São Petersburgo. Na cidade não faltam museus e espaços magníficos para visitar.

Catedral do Salvador do Sangue Derramado

Se falarmos de comida, não faltam opções, como calculam, de todos os que vimos nas sugestões da Agência da Federação Russa, destacamos o Restaurante Severyanin. Faça uma visita virtual e saiba porquê aqui. 

Severyanin

Saiba mais sobre São Petersburgo aqui.


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Fotos: Gisela Cabral, Banco de Imagens do Platonismo, Portal da Rússia e Agência de Turismo da Federação Russa.  Agradecimento: Agência de Turismo da Federação Russa

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