O meu abraço a Moçambique








Fotos: Philimon Bulawayo/Reuters;  Cruz Vermelha/Crescente Vermelho; André Catueira/Lusa

Ao todo, 1,5 milhões de pessoas foram apanhadas pelo ciclone Idai. No Maláui, no Zimbabué e em Moçambique. Milhares de mortos. Um rasto de destruição que se seguiu. Os relatos que nos chegam, este através da ONU, são dramáticos. 

Na SIC, uma mulher, em desespero, entrevistada pela Lusa, dizia: «nós já passamos fome todos os dias, por isso, sim, estamos com fome, mas é assim todos os dias. Mas e agora? Vamos ficar aqui, à espera da morte?». Se isto não nos mata, não sei o que matará. 

Essa África sofrida, sempre com a esperança que a Humanidade não a esqueça, espera agora que o Mundo não se esqueça dela. 

A mim dói-me em toda a alma. Em 2002 aterrava em solo moçambicano. Era uma miúda. Com todos os sonhos na bagagem. Foi a viagem da minha vida. Assim que pisamos terra firme, é uma espécie de íman que nos cola a ela. Naquela terra. Quente. Aconchegante. Viva. Sentia-a. E misturei-me com o povo moçambicano, sofredor, e ao mesmo tempo, do mais otimista que conheci até hoje. 



Em 1985, 30 músicos portugueses lançaram "O Abraço a Moçambique", no âmbito de uma campanha que se destinava a recolher apoios para ajudar o país. Promovido pela RTP e RDP, foi composto por Pedro Osório, José Mário Branco e José Fanha

Se a vida me deixar, está escrito nas minhas estrelas que hei-de regressar. E por estes dias são muitas as facas que se cravam por aqui ao ver as imagens aterradoras que nos chegam. E sei que se levantarão. Como sempre o fizeram uma vida inteira. 

Tenho saudades de ti, Moçambique, lá longe, onde o Índico nos toca a alma e a terra e as gentes nos aquecem o coração. É por isso que nesta hora te abraço, a ti e a todo um povo em lágrimas. 

Quem quiser ajudar, a Cruz Vermelha Portuguesa já lançou uma campanha de angariação de fundos. Pode contribuir aqui

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