Madeira em grande!



Com a devida vénia ao Site «Clube de Jornalistas» publicamos o testemunho de Ribeiro Cardoso sobre a noite informativa da passada segunda-feira. Interessante. Dá mesmo que pensar...


Banhadas de Ronaldo e Jardim. E do cão.


«Há noites em que um homem não pode estar em casa – pelo menos com a televisão ligada. Hoje, 2ª feira, foi uma dessas noites. Comecei por levar uma banhada de Cristiano Ronaldo que durou horas. Na estação pública, imagine-se. Até pode ter rendido audiências, mas o que é demais, sabe-se, é moléstia. E o serviço público de televisão – que nos seus vários canais até tem um programação e uma informação mais equilibrada que as privadas – tem que ser mais contido e sábio. Aquilo foi um exagero sem sentido que nada pode justificar.Pior ainda: a José Rodrigues dos Santos, o apresentador de serviço, não chegou ter vestido a camisola do nacionalismo bacoco de termos o melhor jogador de futebol do mundo. Não. Também nos lembrou, orgulhoso, que “A Casa Branca pode vir a ter sangue lusitano – Obama anda a escolher um cão de água português para oferecer aos filhos…”. Sangue lusitano, vejam bem. Estou já a ver o José Rodrigues dos Santos, na primeira oportunidade, a piscar o olho ao cão, como pisca aos telespectadores quando termina os noticiários. Afinal, todos têm sangue português e falam a mesma língua…Mas ontem, definitivamente, não era noite para ver televisão.

O mais antigo pivô e jornalista da Europa – como pudeste dizer isso ao Correio da Manhã, Mário? - levou uma banhada de Alberto João Jardim maior do que a que eu levei de Cristiano Ronaldo. O homem da Madeira não deixou falar o jornalista “mais antigo da Europa”. Estava, literalmente, em casa - e teve direito a 30 minutos de tempo de antena. Até parecia uma entrevista na RTP Madeira, feita por um dos mais novos jornalistas locais: Jardim a falar para o povo português, obviamente com cubanos e colonialista incluídos. Sem ser incomodado. Dizendo todos os disparates que já trazia na manga, quase como se estivesse sozinho em estúdio. Manifestando o seu acrisolado amor a Portugal e aos portugueses – sem que ninguém lhe lembrasse os tempos da Flama, as bombas a rebentarem, as perseguições a militantes de esquerda, as ameaças a jornalistas na Madeira, os escândalos na Assembleia Legislativa, os negócios para os amigos, os empregos para os correligionários, a divida pública, o desemprego, o abandono escolar, os dinheiros loucos gastos com o futebol e com o jornal da Igreja pago pelo Estado, as gerações futuras endividadas até ao osso. E Crespo a assistir, tentando aqui e ali, timidamente, interromper o caudal de frases que Jardim trazia de casa para dizer … aos cubanos.Obviamente, nada estava combinado – mas o caudilho da Madeira não podia ter sonhado melhor entrevistador….…

Mas chegado aqui posso admitir que se tratou de uma estratégia genial de Crespo: estender a passadeira vermelha ao inefável Jardim para que este sonhe dar o salto da Madeira para Lisboa, a cidade onde o líder ilhéu diz passear há mais de 30 anos à vontade e sem que alguém tenha sido antipático para si.Confesso que se foi isso dou os parabéns ao Mário Crespo. É que isso era mesmo o que mais gostaria de ver: Alberto João Jardim candidato a primeiro-ministro de Portugal, em campanha não na Calheta, mas no meio dos cubanos e dos colonialistas. Com os bastardos, para não dizer filhos da puta, dos jornalistas – lembras-te, Mário? - a acompanhá-lo».

P.S. - De facto a Madeira não se pode queixar de tanto destaque. Uma noite inteirinha com tempo de antena para dois madeirenses! Ainda protesta Jardim!

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