Demagogia começou cedo no dia D


Prometi a mim própria que não escreveria nada até hoje. Mas o dia amanheceu demagógico antes mesmo das declarações sempre moralistas em dias de eleições. Ontem, pela primeira vez, na vida democrática deste país, um Presidente da República decidiu fazer uma declaração ao país, apelando massivamente ao voto. Cavaco Silva diz também que quem não votar neste acto eleitoral «não tem legitimidade para criticar acções do futuro governo». Eu, aqui, assumo: NÃO VOU VOTAR. Pela primeira vez, na minha vida democrática, optei, conscientemente e ponderadamente por não exercer um direito que, para mim, é sagrado. Nada mais triste para uma cidadã que chega à triste conclusão que estas eleições eram escusadas, que o país não merecia estar em suspenso nos últimos meses, e que não tem opção ideológica/partidária nestas eleições. Enquanto cidadã, nem eu nem nenhum outro português, merece ser «avisado» desta maneira tão demagógica. O que é triste é termos chegado à falência de um sistema político na mesma altura que o país bateu no fundo.

Comentários

NunoFigo disse…
Esperar o quê de um Presidente que fez o mais anti-democrático discurso de vitória jamais feito por um vencedor e que optou por abdicar da sua remuneração como PR em troca de uma reforma mais bem paga? Legitimidade democrática e Cavaco, juntos, não combinam. Com a vitória que se prevê da direita, pode ser que passe a fazer menos silêncios barulhentos. E quem sabe, larga o facebook...
Anónimo disse…
Ana, normalmente a falência dos sistemas ocorre quase em simultâneo com o bater no fundo. Um pouco antes, normalmente. Olha como a República de Weimar, em queda livre, se foi desmoronando e no que se transformou ao bater no fundo. Ou a nossa Primeira República... A terceira, a meu ver, ainda está a cair na cova cavada nestes 37 anos pelos partidos da troika...