«Querem melhor adeus do que aquele que deixa logo saudades?». Foi a 11.11.11


«A "Get Your Sting and Blackout Tour" foi anunciada como a última rota mundial dos veteranos Scorpions e esta poderá ter sido a derradeira passagem da lendária banda pelo nosso país. A relação próxima do público nacional com os músicos germânicos, e vice-versa, é sobejamente conhecida; as passagens por Portugal têm sido frequentes e é inegável que conservam uma legião de seguidores por cá. Não é por isso estranho que os fãs tenham acorrido em massa a este último adeus. Aliás, qualquer movimentação nas placas tectónicas registada na zona ribeirinha da capital ontem à noite não derivou de a uma qualquer profecia, mas da energia que brotou do palco durante as duas horas que durou a actuação do quinteto de Hannover.
Passavam poucos minutos das 21h00 quando o estrado da bateria do endiabrado James Kottak começou a ser elevada hidraulicamente à altura de um segundo andar e a banda deu início à atuação com uma explosão de luz e "Sting in the Tail", o tema-título do último álbum de originais.
O som, percebeu-se logo, estava longe de perfeito. Com o palco numa das pontas do recinto, a plateia e as bancadas cheias, o Pavilhão Atlântico transforma-se num espaço ainda mais imponente e a potência do sistema de som não se revelou suficiente para que os riffs de Rudolf Schenker furassem uma mistura com demasiada ênfase na voz e na bateria.
Três ecrãs ao fundo mostravam imagens vintage da banda e iluminavam os cinco músicos. Com a ajuda de outros dois à frente do P.A., foram uma ajuda preciosa para aqueles que optaram por ficar mais atrás num Pavilhão cheio e onde, a partir de meio, não se conseguia circular sem dar um empurrão ao vizinho do lado.
As velhinhas "Make it Real", "Bad Boys Running Wild" e "The Zoo" mantiveram o registo rock, sem que a plateia, maioritariamente na casa dos 40, mostrasse um entusiasmo verdadeiramente efusivo face ao que se estava a passar à sua frente. Os músicos, alheios a isso, mostravam uma energia incrível - as feições até podem notar a passagem dos anos, mas a atitude faria envergonhar muitos músicos com metade da idade.
Ao ver o Rudolf, de óculos escuros na cara durante todo o espectáculo, a rodopiar a guitarra no pescoço, enquanto rodopia sobre si próprio, ou Klaus Meine a puxar pela voz, ninguém acreditaria que os Scorpions já andam nestas andanças desde 1965. É verdade que o alinhamento está muito bem pensado - a instrumental "Coast To Coast" serviu como o momento perfeito para Klaus descansar a voz durante uns minutos -, mas os Scorpions ainda não comprometem. Se esta for realmente a última digressão antes da reforma, fecham a loja com a certeza de não terem arrastado o seu nome pela lama.
"Loving You Sunday Morning" pôs pela primeira vez o público a cantar e foi antes de "The Best Is Yet To Come", outro tema do último disco de originais, que Meine se dirigiu à plateia pela primeira vez de forma mais séria, dizendo-lhes que esta era uma digressão de despedida mas que "o melhor ainda está para vir".
"Send Me An Angel" foi interpretada em formato acústico, com os músicos na passadeira a meio do palco, que lhes permitia estar um pouco mais perto do público. O cenário era imponente e, claro, o público não hesitou no momento de entoar em uníssono os refrões de "Send Me An Angel" e "Holiday".
É sabido que o catálogo dos Scorpions viveu até determinada altura de bons temas de rock e, depois, de baladas que justificam a presença de tanta gente num concerto. A banda sabe-o e continua a fazer-se valer disso, criando um espetáculo suficientemente dinâmico para durar duas horas e não se tornar aborrecido.
"Are you ready to rock, Lisboa?!" introduziu outro tema novo, "Raised On Rock", acompanhado por imagens dos músicos durante os anos 80. A nostalgia sentia-se no ar, amplificada ainda mais por "Tease Me, Please" e pela frenética "Dynamite".
Como não poderia deixar de ser, houve espaço para solos individuais - de bateria e guitarra. James Kottack, em grande destaque, deu um espetáculo dentro do espetáculo atrás do kit e nos ecrãs - numa rábula que o coloca em diversas situações anteriormente retratadas em capas de álbuns do grupo. Pelo meio, "Blackout" ainda levantou alguns copos de cerveja no ar e, antes do encore, "Big City Nights" viu o palco iluminado pelas luzes de Times Square - com a referência, em nome apenas, a Lisboa.
Por esta altura Klaus Meine já tinha tido um cachecol e uma bandeira aos ombros, a plateia estava na mão e era inevitável que o espectáculo não terminaria por ali. Faltavam as eternas "Still Loving You" (com respctivo mar de telemóveis... no lugar do que em tempos eram isqueiros) e "Wind Of Change" (com obrigatórias imagens da queda do Muro de Berlim), a antémica "Rock You Like A Hurricane" e, no derradeiro adeus, "When The Smoke Is Going Down".
O título era apropriado para a ocasião, os músicos deixaram o palco sob uma chuva de aplausos, e um olhar à volta bastava para perceber que toda a gente tinha esperança que voltassem. Querem melhor adeus do que aquele que deixa logo saudades?».
Fonte: Blitz 

Comentários

Anónimo disse…
Ouve lá ainda não acabou? :) estavas linda no sábado, só para compensar o dizer mal dos velhotes :) Beijos

Gonçalo :)
Ana Clara disse…
Isso foi ao início da noite...borraste-me a pintura, seu parvinho! E aquela coisa que se coloca nas pestanas chama-se rimmel :) :) muahhhhhhhhh