Transportes públicos. O fim de um modelo.
Portugal assiste a uma mudança radical do transporte público. A par de outros sectores, que caminham para a privatização, a ideia de rede pública de transportes acabou. Tal como a conhecemos. Esta semana pronunciar-me-ei sobre o assunto numa outra antena - www.antenalivre.pt - que não a do Platonismo. De qualquer modo, prometo voltar cá para vincar a minha visão.
Comentários
Sim dão prejuízo, mas reduzem o número de viaturas a circular e o correspondente ruído, melhoram a qualidade do ar, etc..
São opções legítimas que podem ser tomadas pelos governantes. E não são de todo descabidas, pois a construção de rotundas, túneis, estacionamentos, viadutos, e por aí fora são bem caras!
E troika ou não troika, o estado não é uma empresa privada que tem sempre de dar lucro. O ideal Europeu ainda não morreu!
FB
O que dramatizou o problema dos transportes públicos foi o enfeudamento partidário que se patrocinou nessas empresas, onde desembocaram os mais perfeitos incompetentes e corruptos "gestores". O facto de não se poderem despedir pessoas na Função Pública também ajudou, porque os incompetentes contratam mais incompetentes e depois ninguém os pode despedir.
Neste momento, CP, Carris e Metro, são empresas irrecuperáveis, porque já não suportam a dívida que possuem, fruto de má gestão ao longo dos anos. Para que sobreviva seria preciso retirar dinheiro à saúde, à educação ou a outro lado...
Posto isto, eu até percebo o aumento dos preços que se tem verificado, desde que em simultâneo se acabem com as más práticas de gestão e com os maus gestores. Desconfio, porém, que tal não venha a acontecer - o Governo até tem dado sinais contrários. Pior que isso, desconfio que o aumento dos preços dos transportes públicos vai provocar uma escalada dos preços tal que vai desvirtuar toda a mobilidade: aumentam os preços dos transportes, deixa de ser rentável usar transportes, passa-se a levar mais vezes o carro, os inteligentes das CMs vão voltar a aumentar o valor dos estacionamentos e impor quotas de entrada na cidade e o resultado disso tudo, e todos passamos a pagar mais pelo mesmo serviço. E os gordinhos que "gerem" os transportes continuam a papar os nossos impostos sem fazer nada para melhorar a situação da mobilidade dos cidadãos.
Quanto à questão de serem os bichos no interior a pagar impostos para os transportes dos bichos do litoral, parece-me um argumento desproporcionado e que pode ser revertido: será que os bichos do litoral querem pagar a saúde do interior? Convém não esquecer que a maior fatia de impostos é paga nas grandes cidades do litoral. Convém não confundir o dever de solidariedade dentro de uma nação e até o seu interesse em diminuir assimetrias com argumentos desse tipo.