BPN: o fardo para os bolsos dos contribuintes.
Oito anos depois de ser nacionalizado pelo Governo de José
Sócrates, o BPN continua a ser um monstro que pesa sobre as nossas cabeças. De acordo com uma investigação do Expresso, a fatura final para os
bolsos dos contribuintes pode chegar aos 9 mil milhões de euros. Todos os anos os prejuízos do banco são sempre a somar. Só desde
2011, as perdas geradas pelo BPN ascendem a 3,2 mil milhões. E até agora o
Estado já assumiu, no total das perdas, 5 mil milhões de euros. A juntar a este elefante branco, que fragilizou o sistema
financeiro português, está o problema da despesa pública. Desde 2010, o
primeiro ano em que o impacto do BPN entrou para as contas do défice, que as
contas nacionais têm tido este peso acrescido. Um fardo que coloca em cima de todos nós facas com gumes bastante
afiados. Um peso cuja fatura veio para ficar, e que nos acena através dos
sucessivos aumentos da carga fiscal. Estamos em 2016, e entretanto, já ruiu o Banif, o BES e a Caixa
Geral de Depósitos está no impasse que conhecemos. A pergunta que se coloca é só uma: até quando vamos continuar a
pagar a fatura que outros fizeram? Até quando o Estado continuará a assumir a gestão danosa e os
crimes dos tão reputados banqueiros portugueses? Portugal tem as elites que merece e por mais que tentemos, jamais
conseguiremos expurgá-las definitivamente. Serão precisas muitas décadas para
regenerar os sistemas político e financeiro e para que o país consiga inverter
a tendência económica atual. Até lá, os nossos bolsos vão-se esvaziando, com a Autoridade
Tributária a limpar o que pode e não pode. No fundo, tudo como dantes: os
buracos continuam a ser traçados nas cúpulas e o povo, cá em baixo, que pague a
conta.
* Crónica de 22 de agosto, na Antena, 89.7, Abrantes. OUVIR
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