Um ano de Governo


Este sábado o Governo de António Costa celebrou um ano de existência. Em Novembro de 2015 poucos eram aqueles que achariam que o atual elenco governativo durasse muito, sobretudo pelo pessimismo gerado em torno da maioria parlamentar de esquerda que suporta o Governo. O Presidente da República acha que não tem dúvidas e que o mais importante é que os portugueses vivam melhor e que haja rigor financeiro. Nós por cá concordamos mas temos muitas dúvidas sobre o rigor financeiro. É certo que queremos todos que os impostos baixem, que acabem as sobretaxas, que haja aumento de pensões, que o salário mínimo suba mais uns cêntimos e que as benesses regressem.
Contudo, é mesmo isto que agora queremos ou se as derrapagens vierem daqui a uns anos, preferimos de novo voltar à estaca zero? Um dos exemplos que nos vai sair caro, por andar para trás e para a frente, são as privatizações da área dos transportes. De quatro em quatro anos uns tentam privatizar, outros anexam a fatura ao Estado. É isto, que à semelhança de outras áreas, é preocupante. Um ano depois, a "geringonça", como Paulo Portas batizou este Governo, ainda funciona. Continuam a existir pontos comuns, mas também há divergências a registar pelo caminho no relacionamento do Governo PS com o PCP e o Bloco de Esquerda. Seja como for António Costa é um dos principais responsáveis por este caminho. A ele se deve o elogio do poder negocial à esquerda. E apesar de não sabermos se o que está a ser feito é o melhor, a verdade é que o país vive com o mais importante: estabilidade. Uma nota final para assinalar a morte de Fidel Castro, uma das personagens mais marcantes do século XX. Fidel foi um ditador, que fechou Cuba sobre si mesmo e remeteu durante décadas o povo à opressão. E, como ele próprio diz, a História o julgará. Porém, Fidel foi também o líder histórico de um país, símbolo maior do comunismo ocidental e que deixa marcas não só na sociedade cubana como na forma como o mundo se relacionou com o país. Foi um líder controverso, em que eu nunca me revi, sobretudo pela condução das políticas interna e externa do país. Um homem que ficou confinado a um tempo ideológico já morto. Que impôs um embargo com consequências mil para a ilha que ele achou que seria só dele. A morte do El Comandante simboliza também o momento pelo qual muitos cubanos e o mundo espera: o momento em que Cuba se abre ao Mundo!

Assim o desejamos.

Crónica de 28 de novembro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.



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