Santana: um combate permanente com a vida


António Pedro Santos/Lusa

Pedro Santana Lopes concretizou a ameaça antiga e saiu do PSD para criar um novo partido.

A Aliança, assim se chama o futuro partido do antigo primeiro-ministro, é, na minha opinião, mais um sonho à moda de Santana, do que uma coisa para levar a sério.

Basta ouvir o seu idealista para percebermos todos que há uma evocação divina ao pilar de sempre de sempre no PSD: Francisco Sá Carneiro.

Santana diz que o novo partido se assume como defensor do liberalismo, colocando no centro de tudo a liberdade económica e a iniciativa privada. E pelo que pude perceber o humanismo e o lado personalista bem ao jeito de Sá Carneiro dá o toque final a uma ideia santanista de solidariedade.

Pedro Santana Lopes foi e é um animal político. Quem acompanhou o seu percurso político e partidário conhece-lhe bem essas características que não se refinam, apenas estão lá, inatas desde sempre e firmes para o que der e vier.

Quem não se lembra dos combates tão ferozes quanto brilhantes nas mais diversas arenas políticas nacionais? Seja nas autarquias, no poder central e até mesmo em lides desportivas e culturais?

Mas, com o tempo de Santana a esgotar-se, e depois de tantos combates, o último deles ante Rui Rio, na disputa da liderança laranja, Santana Lopes fez mal em abandonar o seu PPD-PSD.

Primeiro porque sempre foi nele que acreditou na consumação da social democracia e humanismo, valores que sempre lhe balizaram as ideias. Depois porque não faz muito sentido, depois de um combate tão recente que o podia ter levado de novo à liderança laranja, abandonar aquela que, para o bem, e para o mal, foi a casa das suas ideias políticas desde sempre.

Seja como for, a verdade é que Santana chegou a um ponto da vida em que pode – e deve, claro está – fazer o que lhe der na real gana. Eu olho para esta saída do PSD como uma decisão precipitada, sem nexo e, sobretudo, sem futuro à vista.

Nesta fase da sua vida, Santana, que conseguiu, em parte, o respeito de alguma opinião pública e até dos portugueses, não merecia o desgaste.

Ainda assim, é mais forte do que o seu destino. E o seu destino é este: um combate permanente com a vida, com o humanismo de Sá Carneiro, que o vincou para a vida toda.

*Crónica desta segunda-feira, 27 de agosto, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR

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