Marcelo: o melhor do Presidente é aquilo que ele não mostra



Cada semana é uma semana. Na actualidade noticiosa também. 

Hoje quero falar de um lado do presidente da República que temos visto muito pouco. O lado institucional. O lado de um chefe de Estado que, na maioria das vezes, e bem, não o é. É apenas um de nós, cidadão, simples e genuíno.

Mas ser presidente da República exige outras atitudes, intervenções e modos de estar. Foi o que aconteceu na reunião magna da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Marcelo discursou um dia depois de Donald Trump e mostrou ao mundo que Portugal, mesmo sendo uma formiga no lote das potências mundiais, tem valores e não abdica deles.

Numa intervenção marcadamente anti-Trump, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de lembrar que aqueles que rejeitam o multilateralismo cometem erros crassos para o futuro, não só dos países que governam mas também com consequências para o mundo.

Se há coisa que caracteriza Marcelo é o seu brilhantismo na oratória institucional.

E nas Nações Unidas teve um discurso humanista, elevando alto os valores de um Estado de direito de bem.

O presidente rock star esquece-se muitas vezes que é brilhante nisto e prefere veias mediáticas mais populares. Mas quando ergue a sapiência diplomática, fá-lo como ninguém.

Gostava de ver mais vezes o Marcelo institucional, mostrando o quão bom é na mestria do discurso. Ainda assim, o seu natural modo de estar em Belém permite-lhe, ao mesmo tempo, conquistar a confiança dos que o elegeram.

Essa aposta será, decerto, ganha. Resta saber se o resto também.

*Crónica de 1 de outubro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR

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