Álvaro Cunhal: a memória que não pode ser esquecida
Se
fosse vivo, Álvaro Cunhal, faria este sábado, 10 de novembro,105 anos.
O
histórico líder do PCP marcou o século XX português, tendo sido um dos
políticos mais carismáticos da história deste país.
Por
todas as razões históricas, políticas e simbólicas custa-me ver que Portugal,
tal como tantos outros países, à boleia do Mundo efémero em que vivemos,
rapidamente esquece os Homens que ajudaram a construir algo de bom.
No
dia da morte de Cunhal, a 13 de junho de 2005, Mário Soares escreveu: “Cunhal
morreu igual a si próprio. Ainda bem que assim foi. Apesar de tudo, não posso
impedir-me de sentir uma enorme tristeza. Era um homem de aço, de antes quebrar
que torcer. Valente, de convicções inabaláveis, pessoalmente desinteressado até
ao sacrifício, fiel aos seus ideais de sempre, que nunca quis compreender o
célebre verso de Camões ‘Mudam-se os tempos mudam-se as vontades/o mundo é feito
de mudança’. Ele nunca mudou».
Ainda
hoje me emociono com esta homenagem profunda de Soares a Cunhal, em vida, dois
“inimigos” e ao mesmo tempo estando do mesmo lado da barricada na luta pela
democracia.
É
por isso que continuo sem entender a ausência de evocação da memória de Cunhal.
Se há personalidade da História portuguesa recente que o merece é ele.
Onde
quer que esteja, continuará a dizer a todos os seus “Até Amanhã, Camaradas”
como escreveu Manuel Tiago, o nome que escolheu para dar a cara pela obra
literária tão rica que criou.
Álvaro
Cunhal merecia mais. Em cada ano que marca não só a data da sua morte mas
também a do seu nascimento. É pena que a espuma dos dias não o recorde como ele
merece.
*Crónica de 12 de novembro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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