Circo montado à medida de cada programa eleitoral

O país assiste neste momento a uma alegada crise política.

Digo alegada, porque é disso mesmo que se trata. António Costa e o Governo fazem finca pé com a recente aprovação na Comissão Parlamentar de Educação do diploma sobre a contagem do tempo de serviço dos professores.

Além do preocupante aumento da despesa do Estado e da injustiça em relação a todos os outros funcionários públicos, é óbvio que estamos perante uma jogada política e eleitoralista de António Costa.

O primeiro-ministro, ágil como o conhecemos na tática política, usa um argumento válido e de importância extrema para o País, para tentar, numa machadada só, fragilizar não só a direita como a esquerda que suporta a maioria parlamentar.

À direita a fotografia é negra, sobretudo quando CDS e PSD, que mostram ter uma triste memória curta e esquecem o passado recente do qual eles próprios foram executantes políticos.

O povo, meus caros, não esquecerá a palhaçada que tem sido a vossa irresponsabilidade política nestes últimos anos de Oposição. E Rui Rio e Assunção Cristas revelaram mais uma vez de que fraquezas padecem as suas veias políticas.

Já o Bloco e o PCP, sendo certo que se mantêm fiéis a si mesmos, também perdem, porque além do rótulo de demagogos e irresponsáveis, começam a fazer perder a paciência a Costa e ao PS. Sabíamos que assim era há muito tempo. Veremos até onde Costa aguentará a corda de tanta loucura eleitoral.

Milhões de euros adicionais à parte, veremos o que acontecerá dia 15 de maio quando o diploma for a votação na generalidade no Parlamento.

Uma coisa é certa, com esta faca de Costa, as já desinteressantes eleições europeias vão estar, pelo menos até lá, em segundo plano, já que a comunicação social vira sempre o disco mediático consoante a cantiga política.

E é pena, porque cada vez mais a Europa se torna para nós um fator-chave nas nossas vidas. Desde o problema dos fundos europeus, à coesão social, passando pela solidariedade, é essencial que os eurodeputados que vamos eleger nos saibam defender com unhas e dentes, junto dos grandes interesses económicos que circundam o Velho Continente.

Até lá, tenhamos todos paciência para assistir ao circo eleitoral montado nas nossas televisões a toda a hora

*Crónica de 6 de maio, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.