À descoberta do Sabugueiro
É a 1080 metros de altitude, encravada nas
entranhas da Serra da Estrela, que encontramos o Sabugueiro, um verdadeiro
postal ilustrado pintado por paisagens únicas, entre quedas de água e a sua
ímpar vegetação serrana. Aqui, a transumância foi, durante séculos, o sustento
das famílias. Hoje, é o turismo que dá cartas, numa aldeia que continua a
manter-se fiel à identidade que a caracteriza.
Texto: Ana Clara | Fotos: Direitos Reservados
«A aldeia mais alta e internada na Serra, o Sabugueiro era habitado por pastores transumantes e camponeses, que em duas ou três semanas semeavam, lavravam, ceifavam e malhavam o grão semeado no ano anterior, abandonando depois os campos elevados aos rebanhos e à solidão».
A frase é de Orlando Ribeiro no seu “Portugal Mediterrâneo e Atlântico” e retrata exemplarmente a aldeia dos rebanhos e pastores, como é conhecida.
A terra onde se «nasce debaixo das ovelhas», como por aqui se diz, desenvolveu-se nas margens do rio Alva, em local abrigado nos vales da Estrela, a 1080 metros de altitude, e onde hoje habitam quase 500 pessoas (dados dos Censos 2011).
Reza a história que a freguesia, que hoje vive do turismo e do comércio, surgiu a partir de um aglomerado de cabanas de pastores que aproveitavam os pastos para as suas ovelhas e cabras. Mas as notícias deste local remontam a 1226, no reinado de D. Afonso III, com a mesma paisagem que ainda hoje mantém: ruas estreitas e sinuosas com as casas construídas em granito. À sua volta domina uma paisagem plena de recursos naturais, entre quedas de água e vegetação serrana única.
Hoje é o turismo que dá cartas por estas paragens, sendo a aldeia preferida de passagem e paragem de muitos que visitam e que percorrem a Serra da Estrela, nomeadamente, em direção à Torre. Mas no passado o retrato era bem diferente.
«Agora são mais turistas os que nos visitam, antigamente estávamos mais sozinhos», atira Maria Silva, 82 anos, residente no Sabugueiro que segue, de passo apressado, para a «reza das sete», já a noite vai caindo.
A história do Sabugueiro conta-se pelas palavras de João, funcionário de uma unidade hoteleira da aldeia, que nos acompanha na visita.
No espaço museológico está instalado o forno comunitário, utilizado durante décadas na freguesia para cozer o pão, sustento que alimentava as famílias durante semanas. Um espaço ainda hoje utilizado por algumas mulheres da aldeia que aqui mantêm viva a tradição.
Numa sala ao lado é possível ficar a conhecer a história da aldeia e da transumância, da qual a localidade viveu no passado, bem como a rota seguida pelo gado no inverno.
Texto: Ana Clara | Fotos: Direitos Reservados
«A aldeia mais alta e internada na Serra, o Sabugueiro era habitado por pastores transumantes e camponeses, que em duas ou três semanas semeavam, lavravam, ceifavam e malhavam o grão semeado no ano anterior, abandonando depois os campos elevados aos rebanhos e à solidão».
A frase é de Orlando Ribeiro no seu “Portugal Mediterrâneo e Atlântico” e retrata exemplarmente a aldeia dos rebanhos e pastores, como é conhecida.
A terra onde se «nasce debaixo das ovelhas», como por aqui se diz, desenvolveu-se nas margens do rio Alva, em local abrigado nos vales da Estrela, a 1080 metros de altitude, e onde hoje habitam quase 500 pessoas (dados dos Censos 2011).
Reza a história que a freguesia, que hoje vive do turismo e do comércio, surgiu a partir de um aglomerado de cabanas de pastores que aproveitavam os pastos para as suas ovelhas e cabras. Mas as notícias deste local remontam a 1226, no reinado de D. Afonso III, com a mesma paisagem que ainda hoje mantém: ruas estreitas e sinuosas com as casas construídas em granito. À sua volta domina uma paisagem plena de recursos naturais, entre quedas de água e vegetação serrana única.
Hoje é o turismo que dá cartas por estas paragens, sendo a aldeia preferida de passagem e paragem de muitos que visitam e que percorrem a Serra da Estrela, nomeadamente, em direção à Torre. Mas no passado o retrato era bem diferente.
«Agora são mais turistas os que nos visitam, antigamente estávamos mais sozinhos», atira Maria Silva, 82 anos, residente no Sabugueiro que segue, de passo apressado, para a «reza das sete», já a noite vai caindo.
A história do Sabugueiro conta-se pelas palavras de João, funcionário de uma unidade hoteleira da aldeia, que nos acompanha na visita.
No espaço museológico está instalado o forno comunitário, utilizado durante décadas na freguesia para cozer o pão, sustento que alimentava as famílias durante semanas. Um espaço ainda hoje utilizado por algumas mulheres da aldeia que aqui mantêm viva a tradição.
Numa sala ao lado é possível ficar a conhecer a história da aldeia e da transumância, da qual a localidade viveu no passado, bem como a rota seguida pelo gado no inverno.
Documentos que datam de 1599 a 1844 referem-se
aos gados transumantes da Serra da Estrela para o Alentejo e deste para a
Estrela onde se juntavam a gados vindos de Espanha. Estes movimentos faziam-se
também para o Douro e para campos de Coimbra.
As camionetas iam carregadas de feno, bardos, panelas ferradas, redes, capas e pouco mais indispensável. A pé, os pastores orientavam os rebanhos. Partiam do Sabugueiro em princípios de novembro, para de igual forma, regressar em abril. Em meados de junho, subiam para os pastos verdes do alto da Estrela. Regressavam em meados de setembro.
As camionetas iam carregadas de feno, bardos, panelas ferradas, redes, capas e pouco mais indispensável. A pé, os pastores orientavam os rebanhos. Partiam do Sabugueiro em princípios de novembro, para de igual forma, regressar em abril. Em meados de junho, subiam para os pastos verdes do alto da Estrela. Regressavam em meados de setembro.
No Sabugueiro viveu-se também (e muito) da cultura do centeio. À custa de muito esforço homens e mulheres de trabalho transformaram «terras de pedra em terras de pão».
Só a partir de 1950, o burro e o arado ajudaram às tarefas de cultura do centeio, tendo-se verificado então uma grande expansão deste cereal. Em 1943 registou-se uma produção de 62 mil litros. Em 1962 a produção subiu a 250 mil litros. Outras atividades vão ocupando os sabugueirenses e a produção de centeio tem vindo a descer ano após ano, sobretudo depois da década de 1980 do século XX, segundo os Censos 2011.
Com os produtos locais, à venda em algumas lojas da aldeia, o turismo vai-se alimentando. Desde o queijo da serra da Estrela, aos enchidos, mel, pão de centeio, e passando pelo artesanato (mantas, tapetes de lã de ovelha) e pelos afáveis cães da serra, a aldeia vai respirando no meio de paisagens que ajudam o turismo.
A aldeia do Sabugueiro integra a Associação de Desenvolvimento da Rede de Aldeias de Montanha, uma rede de desenvolvimento local (criada em abril de 2013) e que integra outras oito aldeias: Vide, Teixeira, Alvoco da Serra, Cabeça, Loriga, Sazes da beira, Valezim e Lapa dos Dinheiros.
Saiba mais sobre o Sabugueiro aqui.
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