Incêndios: a fotografia que simboliza o "fado" de um povo
Foto: Jerónimo Jorge/Jornal de Abrantes |
A imagem foi capa da última edição do Jornal de Abrantes - Grupo Media On Comunicação Social -, é da autoria do meu colega e amigo, Jerónimo Jorge, e foi tirada no incêndio de há duas semanas no concelho de Mação, o mesmo onde vivi até aos seis anos de idade, mais propriamente na aldeia de Louriceira e que foi, há dois anos, totalmente apanhada pelos incêndios tenebrosos daquele verão.
Recebo o jornal cá em casa. No dia em que abri a caixa do correio e olho para esta fotografia foi como se levasse, de novo, um murro no estômago.
Recebo o jornal cá em casa. No dia em que abri a caixa do correio e olho para esta fotografia foi como se levasse, de novo, um murro no estômago.
De novo a impotência, a fragilidade de uma população que, não bastasse o isolamento a que está confinada, tem de suportar o martírio de perder, em minutos, tudo o que, com sacrifício, conquistou ao longo de uma vida de trabalho.
Publico-a aqui hoje porque soube, desde o primeiro momento, que não a posso nunca esquecer. Uma simples imagem que revela na perfeição o conceito integral e imprescindível que o fotojornalismo tem nas nossas vidas. Ela representa todo um país que hoje acorda e à sua volta apenas tem o negro como companhia.
Até quando continuaremos a não proteger o pulmão que sustenta este país? Até quando continuaremos a colocar a ênfase no combate em prol da prevenção?
Não o sei. Sei apenas que estamos cada vez mais perto de perder parte essencial de um país: a floresta, de que tanto precisamos para nos manter à tona.
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