O maior Governo de sempre e muitas dúvidas no ar
19 ministros e 50 secretários
de Estado tomaram posse, este sábado, no Palácio da Ajuda.
É o maior Governo da história
da democracia. Por mais que tente não consigo entender a quantidade de Secretarias
de Estado criada por um Governo que se diz alinhado com as exigências de
Bruxelas.
O que sinto, enquanto cidadã,
é que regressámos aos bons velhos tempos do Portugal esbanjador. Do Portugal
que nas cúpulas governativas encontra espaço e lugar para todos os que, nos
partidos de poder, suaram para ser premiados.
Quando olho para as tutelas,
consigo compreender muitas, como a Transição Digital ou a Mobilidade, mas outras,
de todo, são para mim incompreensíveis. A Secretaria de Estado dos Recursos Humanos
e dos Antigos Combatentes é uma das que me causa comichão. Primeiro porque são
duas áreas que não se interligam e, depois, porque soa-me a tacho, daqueles bem
areados para empoleirar mais uns tantos gabinetes.
Outra nomeação incrédula é a de Jorge Seguro
Sanches, que regressa ao Governo para desempenhar funções de Secretário de
Estado Adjunto da Defesa Nacional. Seguro Sanches foi afastado há um ano do
cargo de Secretário de Estado da Energia devido a polémicas constantes que
criou com o setor. Energia e Defesa são áreas completamente distintas e
pergunto-me em que critérios se baseou esta nomeação.
A sensação que fica é a de que foram criadas
subtutelas apenas e só para premiar dirigentes leais ao Partido Socialista.
Resta saber o que ditará a legislatura que agora se inicia, que acordos António
Costa alcançará e como se comportará a economia portuguesa.
Anunciar aumentos de salário mínimo não chega para
desviar atenções do Governo Gordo que agora inicia funções. E há ainda uma
tarefa árdua: se é certo que não há ligações familiares no Governo, resta saber
como conseguirá Costa controlar 19 ministros e 50 secretários de Estado durante
quatro anos. Haverá, decerto, muita casca podre por descascar. Espero enganar-me.
Até para a semana.
*Crónica de 28 de outubro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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