À descoberta de…Tânger: uma surpresa às portas de África

Texto e Fotos: Ana Clara
Tânger não será, à partida, uma primeira escolha de destino de viagem para muitos. Contudo, ponto fulcral de comércio no norte de África em tempos idos, revela-se uma excelente surpresa quando a descobrimos. Encostada ao mar e com uma personalidade única, percorrer as ruas de Tânger, é uma espécie de viagem a um bulício que quase só encontramos nas grandes metrópoles, com a diferença de que há uma tranquilidade peculiar que se entranha. 


A partir do porto de Tânger, olhamos para a cidade e somos presenteados com um manto branco natural e que repousa no mar sereno que a acorda. 

Ponto fulcral de comércio em séculos passados entre a Europa e África, Tânger espelha igualmente uma fusão infinita das culturas marroquina e ocidental. 

Lá no alto salta à vista a famosa mesquita da cidade, rodeada por mercados, cafés, restaurantes, cinemas e antigos teatros que vão dando vida à cidade, sempre embalada pelo frenesim dos negócios locais. À boa moda marroquina, negociar é uma arte, e só quem a tiver bem apurada consegue sair daqui com uma mão cheia de compras em conta. 

Pelo caminho, contemplamos o famoso Hotel Continental, o mais antigo da cidade e com uma vista panorâmica da baía do Mediterrâneo.
Como não podia deixar de ser há, por toda a cidade, muitos vestígios da ocupação portuguesa, como é o caso da Praça Faro, com os seus canhões, de onde se avista o porto e, nos dias de céu limpo, até Espanha lá bem ao fundo conseguimos avistar.

No entanto, com o passar dos tempos, a Medina transformou-se com as pequenas artérias que a mudaram para o típico labirinto marroquino. 

Percorrer as suas ruas a pé é contemplar um jogo constante de luzes e cores, de conversas de café, ou simplesmente assistir à vida diária de uma cidade muito peculiar.
Destaco a rua dos Siaghines, conhecida por ser a rua dos joalheiros. E é partir daqui que se tem acesso ao Petit Socco, onde há cafés e hotéis, que serviram de inspiração a nomes como Paul Bowles, Jean Vassoura, Paul Morand, Pasolini e Camille Saint-Saëns. Na passagem, a ida ao souk (mercado) local é imperdível, com tudo o que possam imaginar para contemplar e comprar. 
A marginal é outro ponto de atração que une o mar ao território. Fizemo-la a pé, descendo pelos bairros pobres da cidade. É uma espécie de catarse, numa viagem de minutos entre o céu e o mar.
Recomendamos também uma visita à Kasbah, a antiga fortaleza que se oferece única na forma como foi construída. 





No centro da cidade, a Praça de Tânger é o ponto de ligação a toda uma comunidade. É aqui que se sente verdadeiramente a vida local. Sentámo-nos no jardim e apreciámos cada momento das vidas marroquinas que parecem suspensas no tempo. 

Entre grupos de crianças e jovens que animam a praça, idosos, turistas e transeuntes misturam-se aqui, numa ato solene e única de união cultural. Foi um dos meus lugares preferidos. 

BI 

Situada no norte do Marrocos, junto ao Estreito de Gibraltar, Tânger tem uma população de 850.000 habitantes. 

A maioria dos habitantes fala a língua Darija e 25% fala Tarifit berbere. Conhecida como a "Porta de África", Tânger está em constante desenvolvimento e modernização, com vários projetos de hotéis e infraestruturas em marcha. Não sendo uma cidade exuberante, Tânger vale a pena pela forma genuína como mantém hoje a sua identidade. Sem complexos e que recebe os turistas de uma forma única. É ir. 

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Nota: agradecimento especial ao Turismo de Marrocos. 

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