Violência doméstica: até quando vamos deixá-los morrer?



Na véspera de terminar 2019, quero deixar, nesta antena, um grito que me corrói por dentro. Um grito que também é o deste país.

Só este ano morreram 35 pessoas em contexto de violência doméstica em Portugal.

O número adensa-se quando as autoridades dizem que, desde 2004, morreram às mãos dos agressores mais de 500 pessoas.

Sabemos todos que este é um dos maiores flagelos que a sociedade portuguesa enfrenta. Um horror que todos os dias nos entra casa adentro com mais uma vítima, com mais uma família e uma comunidade destruídas.

Além dos que morrem às mãos dos assassinos, importa não esquecer aqueles que, a meu ver, ficam sempre resumidos a uma negra página de silêncio. As outras vítimas: pais, irmãos, maridos e mulheres, filhos, netos, amigos.

Falamos de um sem número de pessoas que são também elas vítimas. E que, após os crimes, ficam à mercê de si próprios, do seu trauma, mas sobretudo num sofrimento atroz para o resto das suas vidas.

Nestas últimas horas de 2019 era bom que o Estado, Governos, partidos e autoridades olhassem bem para o drama da violência doméstica em Portugal.

É preciso uma onda nacional de peso, com eficácia, que pare o flagelo.

Que 2020 seja o ano de viragem.

Por fim, desejar a todos os ouvintes da Antena Livre sinceros votos de um Feliz Ano Novo.

*Crónica de 30 de dezembro na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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