Portugalidade: Castelo de Paiva, um oásis entre a Beira Alta e o Douro Litoral

É o concelho mais distante da sede de distrito a que pertence, Aveiro. Mergulhar na história de Castelo de Paiva é também percorrer os caminhos desde Arouca até ao Douro. 

Situado entre a Beira Alta e o Douro Litoral, é, por si só, um concelho de paisagens deslumbrantes, com uma gastronomia e cultura imperdíveis. 

Com 17 mil habitantes, há uma ruralidade intrínseca na sua identidade, sendo que há no concelho um forte impulso nas indústrias do calçado, têxtil, madeiras e mobiliário, importantíssimas para o emprego na região.

Rota dos Ofícios Tradicionais 

Comecemos pelas artes e tradições, sendo que estamos num território rico em saberes. Aqui se desenvolveram ofícios como trabalhos em cobre, tecelagem, moagem e em madeira, intimamente ligados à agricultura. Por isso mesmo, a autarquia criou a Rota dos Ofícios Tradicionais da Terra de Paiva, dividido em quatro rotas temáticas e que permite o visitante conhecer os ofícios tradicionais da região bem como os seus processos. Pode descarregar a aplicação aqui e aqui. 

As pesqueiras

As pesqueiras existem desde tempos bastante remotos, e sabe-se que foram bastante utilizadas na época romana para a captura das espécies existentes nos rios, muito apreciados em Roma, nomeadamente lampreia, salmão, sável, truta e enguias.

Depois de capturados nas pesqueiras, seguiam para a capital do império por mar ou em carroças, para que as lampreias chegassem a Roma ainda vivas e eram colocadas no “Dolium”, que eram grandes vasos em barro.

Em 1758, são mencionadas nas Memórias Paroquiais como as pesqueiras de Pedorido, sendo feita a seguinte referência: “Não tem couza alguã que lhe embarace o ser navegável, excepto algua pesqueyra na beyra do mesmo ryo que não lhe faz emedimento”, tendo continuado a serem utilizadas com o mesmo propósito.

A nível mais técnico, estas estruturas eram constituídas por um corpo retangular, com início na margem, avançando de forma perpendicular. As redes eram colocadas nestas estruturas, de onde os peixes não conseguiam sair.

Rota da Água e da Pedra

A Rota da Água e da Pedra® (RAP) é uma rota que se diferencia por valorizar elementos do património natural e cultural ligados à água e à pedra.

Cascatas, rios, gravuras pré-históricas, turfeiras, antigas minas, dolmens, fragas, fósseis, fenómenos geológicos, vales e livrarias quartzíticas são alguns dos motivos para descobrir num território de paisagens deslumbrantes, com vales e serras talhados por milhões de anos de erosão. Homem e natureza operaram em harmonia por estas paragens, com as aldeias, socalcos e levadas a moldarem a paisagem, transformando esta região numa das mais belas de Portugal, com uma biodiversidade excecional refletida na extensa área de rede natura que aqui foi designada pela Europa.

A descoberta das Montanhas Mágicas® é feita através de uma espécie de linha de metro, com paragens constituídas por locais a visitar, na imensidão das serranias compreendidas entre o Douro e o Vouga. As linhas são os elementos naturais que aqui imperam, alternando entre rios e serras. De sul para norte, as linhas do Vouga (V), Arestal (T), Arada (A), Freita (F), Caima (C), Paiva (P), Montemuro (M), Bestança (B) e Douro (D) sucedem-se, constituindo na totalidade 114 pontos de visitação obrigatória, alguns mesmo à beira da estrada, outros de acesso um pouco mais complicado, mas todos a merecerem uma visita aturada.

Aldeias em Xisto de Midões e Gondarém

Os lugares de Midões e Gondarém possuem a beleza característica das aldeias serranas: Gondarém, local propício a passeios pedestres, sobressai pelo conjunto de casas construídas em xisto; Midões, lugar muito agradável, implantado numa encosta com uma paisagem marcada pela muita vinha de enforcado existente. De ambas as aldeias, a vista sobre o Douro é deslumbrante. Em Gondarém existe um cais de acostagem.

Anjo de Portugal

 A estátua do anjo, da autoria do escultor Laureano Ribatua, faz parte do memorial evocativo das vítimas do acidente de 2001. Totalmente feita em bronze e banhada a ouro, mede 12 metros de altura e pesa cerca de 12 toneladas.

Na base existe uma escadaria que conduz os visitantes a uma pequena capela, e tem continuidade até à margem do rio.

Ilha dos Amores

Na confluência do rio Paiva com o Douro, na zona do Castelo, localiza-se uma ilhota (Ilha do Castelo, carinhosamente apelidada de “Ilha dos Amores”) onde foi descoberta a estrutura de uma antiga Ermida do Séc. XV.  

Este espaço desperta os jovens para a prática de desportos náuticos ou mesmo para um animado acampamento em período estival. É ainda complementado por infraestruturas que tornam agradável a  frequência do local: uma piscina ao ar livre, apoiada por um bar, um pequeno areal e espaços de sombra.

Miradouro de Catapeixe

Local de grande beleza, com vistas magníficas sobre os rios Douro e Paiva, que podem ser apreciadas a partir de um varandim de pedra na berma da estrada. Consegue-se também avistar a Ilha do Castelo.

Rota do Património

A Rota do Património engloba um conjunto de monumentos que pode visitar no concelho de Castelo de Paiva.

É composta por 16 monumentos que vão desde a pré-história à época contemporânea. Além dos que já referimos anteriormente, destacamos alguns: Capela da Quinta de Vegide, Capela de Santa Bárbara, Casa da Quinta da Boavista, Cavalete do Fojo, Edifício da Cadeia, Ilha dos Amores, Portal da Serrada, Quinta da Cardia e as Sepulturas escavadas na rocha, “Pia dos Mouros”.

Festas

No que toca a festividades tradicionais que aqui se realizam durante o ano, destacam-se algumas que não só detêm uma longa tradição religiosa e pagã, como atraem visitantes em grande número, sobretudo oriundos dos concelhos vizinhos: o S. Domingos, a Sta. Eufêmea e o S. João.

A riqueza das tradições populares não se esgota contudo nas festas e romarias, mas extravasa para um conjunto de outras manifestações, sempre ligadas à terra, que de ano para ano vão assumindo maior relevância, como é o caso da Feira do Vinho Verde, do Lavrador, Gastronomia e Artesanato, que no primeiro fim de semana de julho de cada ano atrai ao município milhares de visitantes.

Merecedora de destaque é também a Feira do Séc. XIX, que pretende retratar as feiras tal como se realizavam nesta região há dois séculos atrás.

Gastronomia

Por Terras de Paiva, os caminhos dos sabores levam-nos numa viagem onde o difícil é resistir: uma gastronomia marcada pelos frutos da terra e do rio, preservada por um saber fazer que não se aprende em livros de culinária.

O que pedir? Além dos pratos principais de anho assado com arroz do forno, bifes de cebolada à Sta. Eufêmea, a tradicional vitela assada, o cozido à lavrador, as iscas de bacalhau, a lampreia e o sável na época devida, é obrigatório experimentar também os fumeiros e enchidos.

Nos doces, num dourado de aguçar o apetite, as famosas rabanadas à moda de Paiva, a sopa-seca, os melindres e o pão-de-ló, constituem tentações a que não se resiste. A acompanhar, o excelente Vinho Verde de Paiva.

Trilhos verdes

O Projeto Trilhos Verdes  é um convite à descoberta de Castelo de Paiva, a perceber a natureza envolvente, a percorrer inusitados caminhos e a visitar lugares lindíssimos e genuínos, onde permanecem intactos modos de vida distintos.

Trilhos Verdes BTT permitem conhecer esta região de maneira diferente: passear pelas aldeias de ruas estreitas, onde se erguem bonitas igrejas profusamente ornamentadas, casas com esmerados brasões e bonitas varandas, quase sempre floridas.

Fora do centro urbano, estes trilhos conduzem à aventura por serras e vales: descobrir os vestígios mais antigos da presença humana, calcorrear caminhos sobre cursos de água e pontes muito antigas, ou então subir a miradouros e aí desfrutar de momentos de pura descontração com as suas vistas magníficas. Ao passar entre os soutos e os socalcos dedicados aos vinhedos e olivais, a opção é mesmo aceitar o convite e parar na Quintas, partilhar o seu quotidiano e provar o Vinho Verde que na Terra de Paiva é de renome.

Os trilhos proporcionam trajetos ousados e com diferentes graus de dificuldade, onde o tempo e o interesse determinarão naturalmente as escolhas de cada um.

Motivos não faltam para visitar Castelo de Paiva. É ir!

BI – Castelo de Paiva 

População: 16733 habitantes

Área: 115.00 km2

Presidente: Gonçalo da Rocha de Jesus  

Freguesias: 6

Contactos:

Email: geral@cm-castelo-paiva.pt

Site: www.cm-castelo-paiva.pt

Telefone: 255 689 500

Fontes:

  • Câmara de Castelo de Paiva
  • Crédito das Fotos: Câmara de Castelo de Paiva 

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