O (abuso) do poder local

Montalegre, um dos municípios que viu esta semana detidos presidente e vice-presidente da autarquia. 


Por todo o País, na última semana, a PJ avançou com buscas e detenções em várias autarquias.

Investigações em curso desde 2014 acabaram agora a levar desnudado o poder local. Um poder que, para mim, é dos que mais respeito neste país. Primeiro, porque é aquele que mais probabilidade tem de mostrar que pode fazer a diferença. É aquele que está mais próximo das pessoas e que pode fazer-lhes sentir que realmente as políticas servem os interesses das comunidades.

Contudo, é também o mesmo poder que está mais refém dos caciques, dos amigos, das adjudicações que beneficiam a empresa do amigo, ou dos seus familiares. Este é, para mim, o desafio mais importante de um autarca, seja ele qual for. Não ceder a tentações primárias e injustas. O dinheiro público, de todos nós, tem de ser escrutinado. Deve ser usado em prol da causa pública, contra tudo e todos aqueles que vierem. Mas, não foi assim nestas últimas décadas nem será tão cedo.

Que se limpem os que abusam. Que se leve à justiça quem usa os dinheiros públicos como se fossem seus. Mas que não se esqueça também que, em 308 municípios portugueses, nem todos os ramos estão podres. Há ramos bem maduros, que fizeram um crescimento limpo. Em nome de todos nós. Isso também é preciso ressalvar. O resto? Que caia. E não se levante mais na cadeira do poder local. 

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